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Japão designa Ilhas Curilas como território 'ocupado ilegalmente' pela Rússia

Primeira vez desde 2003, o Japão designou o sul das Curilas como um território "ocupado ilegalmente" pela Rússia.
Sputnik
O governo japonês descreveu as ilhas Curilas, conhecidas no Japão como Territórios do Norte, como área "ocupada ilegalmente pela Rússia", informou a agência Kyodo nesta sexta-feira (22).
As informações constam no Livro Azul Diplomático do Japão, um relatório anual da política externa japonesa.
As Curilas também são descritas como parte inerente do Japão pela primeira vez desde 2011.
A medida segue a decisão russa de se recusar a negociar um tratado de paz com o Japão, suspender a isenção de visto para cidadãos japoneses às Ilhas Curilas e retirar-se do diálogo com o Japão sobre o estabelecimento de atividades econômicas conjuntas no arquipélago.
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As medidas russas, por sua vez, foram tomadas em resposta à decisão do governo japonês de aderir às duras sanções contra Moscou por sua operação militar na Ucrânia.
O Japão impôs a proibição da exportação de 275 mercadorias da Rússia a partir de 18 de março, incluindo semicondutores, radares, sensores, lasers, equipamentos de comunicação e outros.
Desde o dia 5 de abril, a exportação de bens de luxo, incluindo carros e joias, também foi proibida pelo governo japonês.

Disputa pelas Curilas

Durante décadas, Tóquio condicionou a assinatura do tratado de paz com Moscou, assunto pendente desde 1945, à recuperação das ilhas Iturup, Kunashir, Shikotan e Habomai.
O Japão sustenta o seu entendimento sobre a questão por meio do Tratado Bilateral de Comércio e Fronteiras, que assinou com a Rússia em 7 de fevereiro de 1855.
Em 1956, a URSS e o Japão assinaram uma declaração conjunta em que Moscou concordou ponderar a entrega das ilhas Habomai e Shikotan, sendo que as restantes não foram abordadas.
A URSS planejava que esta fosse a última palavra no conflito territorial, enquanto o Japão considerava o documento apenas parte da solução da questão.
No entanto, negociações posteriores não conseguiram avançar na resolução do problema, não havendo até hoje um acordo de paz assinado entre Moscou e Tóquio.
Há suspeitas de que os EUA ameaçaram com o não retorno de Okinawa ao Japão (o que acabou por acontecer em 1972) se Tóquio não exigisse as Ilhas Curilas do sul.
Moscou defende que o arquipélago passou a ser território da URSS após a Segunda Guerra Mundial, passando em seguida à Rússia.
Para Maria Zakharova, representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, o Japão está criando tensões artificialmente no que toca à soberania das Ilhas Curilas.
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