Panorama internacional

Airbus consegue aguentar embargo a titânio da Rússia? Especialistas respondem

Empresas de aviação e produtores de titânio dos EUA e do Japão impuseram um embargo ao fornecimento do metal da Rússia, mas a multinacional europeia Airbus se recusou a fazer o mesmo.
Sputnik
As sanções antirrussas do Ocidente têm levado várias empresas a deixar a Rússia, incluindo a gigante de aviação norte-americana Boeing.
No entanto, a multinacional europeia Airbus mostrou maiores reticências, e não impôs sanções à Rússia, por depender 60% das necessidades de titânio da empresa russa VSMPO-Avisma, em comparação com um terço no caso da Boeing.
A Airbus colabora com a VSMPO-Avisma desde os anos 1990. No início, apenas comprava matérias-primas à empresa russa, mas mais tarde foram adicionados produtos semiacabados de valor agregado, criados após a estampagem e usinagem. O titânio é um metal muito forte e leve, a partir do qual são criados componentes críticos de aeronaves, tais como chassi e peças sobressalentes. Lâminas, discos e outras partes de motores de aeronaves também são feitos de ligas de titânio resistentes ao calor.
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Guillaume Faury, CEO da Airbus, advertiu que as reservas de metal da empresa não durariam muito tempo em caso de um embargo, o que levou a Airbus a continuar fazendo comércio com a Rússia.
Isso contrasta com a Boeing, que usa fornecedores nos próprios EUA, mas também no Japão, China e Cazaquistão. A Toho Titanium e Osaka Titanium, do Japão, maiores produtoras de titânio depois de VSMPO-Avisma, já estão aumentando a produção em meio a escassez e rejeição das matérias-primas russas, com os pedidos a essas empresas aumentando 20%.
Leonid Khazanov, especialista industrial independente, explicou que embora na Europa seja possível usar esponjas e barras de titânio do Cazaquistão e do Japão, o mesmo não é possível com produtos semiacabados feitos de ligas à base de titânio, e os EUA e a China também não conseguem satisfazer toda a demanda do mercado europeu devido a seus próprios compromissos. Um embargo levaria fabricantes de aeronaves e seus principais fornecedores europeus a descumprir pedidos e demitir pessoal.
Na opinião de Dmitry Adamidov, especialista em aviação independente, apesar de grandes declarações, a Boeing acabará voltando a utilizar o titânio russo após suas reservas se esgotarem.
"O embargo ao titânio pode destruir a indústria de aviação europeia. É provável que não vá mais que agitar o ar, caso contrário, os funcionários de Bruxelas terão de lidar com funcionários furiosos da empresa aérea, que sairão para ações de protesto", prevê Khazanov.
Enquanto isso, a indústria de titânio russa sempre pode se reorientar para outras regiões e indústrias, como a construção naval, a energia nuclear e a indústria química.
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