Panorama internacional

Guerra às drogas: México fecha unidade de investigação de elite e encerra cooperação com os EUA

O México dissolveu uma seleta unidade antinarcóticos que por 25 anos trabalhou com a Agência Antidrogas dos Estados Unidos (DEA, na sigla em inglês) para combater o crime organizado.
Sputnik
O grupo era uma das Unidades de Investigação Sensível (SIU, na sigla em inglês) operando, ao lado governo dos EUA, em cerca de 15 países. As unidades são treinadas pela DEA, mas ficam sob o controle dos governos nacionais.
Segundo a Reuters, as autoridades norte-americanas consideram o SIU inestimável para desmantelar poderosas redes de contrabando e prender inúmeros traficantes de drogas em todo o mundo.
"Eles o estrangularam", disse o agente, referindo-se à unidade. "Estilhaça as pontes que passamos décadas montando."
No México, os mais de 50 policiais da unidade policial da SIU trabalharam nos maiores casos do país, como a captura em 2016 de Joaquín "El Chapo" Guzmán, então chefe do poderoso cartel de Sinaloa.
Foto de Joaquin Guzman Loera, apelidado de El Chapo, tirada pela polícia mexicana em 8 de janeiro de 2016.
O fechamento, segundo a publicação, ameaça pôr em perigo os esforços dos EUA para combater grupos do crime organizado no México.
O Ministério de Segurança Pública do México não respondeu aos repetidos pedidos de comentários. A DEA não quis comentar.
O fechamento pode custar caro nas ruas dos Estados Unidos, onde as autoridades estão lutando para reduzir o aumento de overdoses que no ano passado levaram a mais de 100 mil mortes.
A equipe de elite, fundada em 1997, foi o principal meio para a DEA compartilhar com o governo mexicano pistas sobre carregamentos de drogas e informações obtidas em solo norte-americano.
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A DEA levava os integrantes das forças de segurança mexicana para suas instalações de última geração, no estado da Virgínia, para treiná-los nas mais recentes técnicas de vigilância e policiamento.

A chegada de López Obrador

O fechamento do SIU é o exemplo mais recente do colapso da cooperação entre a DEA e o México desde que Andrés Manuel López Obrador assumiu o poder em 2018 e prometeu revisar a política de segurança do país.
Irritado com o crescente derramamento de sangue, que ele atribuiu às táticas pesadas de seus antecessores, López Obrador procurou implementar um estilo de policiamento menos conflitante.
Ele se comprometeu a combater o que ele afirma ser a raiz da violência, como a pobreza, ao invés de "caçar" chefes de cartel.
O presidente também tornou mais difícil para as autoridades de segurança estrangeiras operarem dentro do México, repreendendo a DEA por seu "modus operandi" que, segundo ele, equivale a atropelar a soberania do México.
Em dezembro de 2020, em outro episódio que relevou a transformação na política de segurança pública do México, o governo de López Obrador retirou a imunidade diplomática de agentes estrangeiros e forçou autoridades mexicanas a escrever relatórios sobre interações com agentes de segurança do exterior.
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