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Brasil pode convidar especialistas russos para criação do centro espacial regional, diz chefe da AEB

Os países devem pensar no longo prazo a respeito da cooperação espacial, pois há muitos assuntos em que eles podem trabalhar em conjunto apesar das tensões geopolíticas, disse em entrevista à Sputnik o presidente da Agência Espacial Brasileira, Carlos Moura.
Sputnik
Quando perguntado se as sanções antirrussas relacionadas à crise ucraniana tiveram qualquer impacto sobre a cooperação entre os dois países no âmbito do espaço, Moura constatou: "No momento atual não".
"Acredito que, especialmente no espaço, nós devemos pensar na cooperação a longo prazo, na cooperação científica", disse Moura à margem do Simpósio Espacial. "Existem alguns campos onde podemos trabalhar juntos, por exemplo, para estudar o clima espacial, algumas outras coisas, é algo que você pode fazer fora dos problemas geopolíticos."
O 37º Simpósio Espacial reuniu em Colorado Springs os representantes das agências espaciais mundiais, bem como empresários do comércio espacial e agências de segurança nacional e de inteligência para discutir e planejar a futura exploração do espaço.
Quanto a uma possível reunião da agência brasileira com a agência espacial russa Roscosmos, Moura disse que eles não têm nenhuns planos concretos.
"Eles [a Rússia] provavelmente vão continuar trabalhando com as estações terrestres", disse. "E talvez, após as tensões diminuírem, poderíamos começar discussões a respeito da cooperação."
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O Brasil não descarta a possibilidade de convidar especialistas da Rússia para consultas na criação de seu próprio centro regional de tecnologias espaciais, admite Carlos Moura.
"Nós estamos abrindo no Brasil o centro regional de tecnologias espaciais, a ideia é dar um impulso para o desenvolvimento dessas capacidades, não só no Brasil, mas em toda a América do Sul e na África", conforme suas palavras.
Além disso, ele constatou que a AEB queria retomar os cursos da educação com a Rússia, acreditando que os dois países têm muitas capacidades para compartilhar.
"Nós planejávamos como poderíamos lançar cursos de educação com a Rússia, porque há alguns anos, certas instituições espaciais russas como, por exemplo, o Instituto de Aviação de Moscou, eles nos ajudaram na revisão do design dos nossos pequenos satélites", disse Moura. "Assim, é algo que provavelmente poderíamos reiniciar, porque temos muitas capacidades, então é bom para nós intercambiar."
Moura acrescentou ainda que, embora não haja projetos conjuntos entre o Brasil e a Rússia, os dois países estão cooperando nas estações terrestres para o Glonass: "A Rússia tem quatro estações no Brasil, elas estão instaladas em universidades", explicou. "Essa é a única cooperação que temos."
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