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'Absolutamente inadmissível': Paraguai considera inaceitável proposta do Brasil sobre Itaipu

Trâmites sobre a hidrelétrica entre os dois países estão "parados" por conta de oferta "inaceitável" de Brasília que desprotege economicamente parte da barragem pertencente a Assunção, segundo governo paraguaio.
Sputnik
De acordo com o chanceler do Paraguai, Euclides Acevedo, o processo de negociação entre Paraguai e Brasil para as tarifas de energia da hidrelétrica binacional de Itaipu está "parado" porque as propostas brasileiras são "inaceitáveis".
"Eles [Brasil] querem não só baixar a tarifa, mas ao mesmo tempo querem que seja revisto o acordo da Administração Nacional de Energia Elétrica [ANDE] com a Eletrobras, e isso é absolutamente inadmissível", afirmou Acevedo nesta segunda-feira (28).
Ao mesmo tempo, o chanceler destacou que a estatal ANDE é obrigada a defender seus interesses, pois é a única responsável pela gestão da energia produzida pela barragem que corresponde ao Paraguai.
"A ANDE deve ser protegida, todos aqueles que desejam privatizar a ANDE devem se abster", disse Acevedo indicando que o que foi proposto pelo governo brasileiro é prejudicial aos interesses da empresa.
Entretanto, o diplomata destacou a necessidade de a estatal continuar investindo no fortalecimento do sistema elétrico paraguaio.
"É preciso pedir aos industriais um acordo com o Estado para ter um plano de infraestrutura e, desta forma, a energia produzida pode ser utilizada, porque a que nos corresponde deve ser utilizada", concluiu.
Em novembro do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu no Palácio do Planalto o mandatário paraguaio, Mario Abdo, com o qual tem boa comunicação.
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e o presidente do Paraguai, Mario Abdo, durante coletiva à imprensa após reunião de trabalho no Palácio do Planalto, 24 de novembro de 2021
Na visita, segundo o jornal Valor Econômico, a revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, que versa sobre as bases financeiras do acordo firmado em 1973, foi uma das pautas.
Esse anexo estabelece que cada país tem direito à metade da energia produzida pela usina, e que um terá que vender ao outro o que não consumir, no entanto, o Paraguai reivindica o direito de vender o excedente a outros países, alegando que o Brasil paga pouco.
Apesar do breve diálogo sobre a questão, a mídia afirma que os dois mandatários não entraram em detalhes substanciais sobre o assunto e foi ventilada a possibilidade de "em breve" promover uma reunião em Foz do Iguaçu para tratar o tópico.
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