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Mídia: acordo de gás firmado entre EUA e Europa prejudicará energia no Brasil, dizem especialistas

O aumento no preço do GNL chega em um momento vulnerável quando o Brasil está importando alto fluxo de gás por conta da crise hídrica. Especialistas afirmam que Brasil e nações da América Latina sairão prejudicados na corrida para compra do combustível.
Sputnik
De acordo com analistas entrevistados pelo jornal O Globo, o acordo dos EUA com a União Europeia vai manter os preços do GNL (gás liquefeito) em alta pelos próximos anos e pode impactar o preço da energia elétrica no país, uma vez que o Brasil importa GNL dos EUA e usa como combustível para as usinas termelétricas.
Segundo Mauro Chavez, diretor de gás e GNL na Europa da consultoria Wood Mackenzie entrevistado pela mídia, apesar do acordo, os preços do gás vão continuar elevados nos próximos anos com as incertezas do conflito envolvendo Ucrânia e Rússia.
E o momento é um período delicado para o setor de energia brasileiro, visto que as importações de GNL estão em alta no país por conta da maior crise hídrica do Brasil nos últimos 91 anos.

"Os preços vão continuar altos e isso é ruim, pois se tivermos uma nova seca vamos precisar continuar comprando mais GNL para abastecer as térmicas e esse cenário de alta vai se refletir no valor da energia elétrica paga pelos brasileiros."

Segundo a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o volume de importação de GNL subiu 42% nos dois primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.
O especialista Bruno Armbrust, sócio da ARM Consultoria, disse que o Brasil e os países da América Latina tendem a deixar de ser prioridade na rota de venda do GNL dos EUA. Segundo ele, os países da Europa têm grande capacidade de regaseificar esse gás líquido.
"A Europa vai aproveitar para aumentar seu nível de armazenamento de gás e se proteger de problemas eventuais. Com isso, vamos ver um aumento do preço do mercado spot nos próximos dia porque a oferta não vai subir tão rápido."
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Seguindo o pensamento de Mauro Chavez por conta da crise hídrica, Armbrust declarou que o Brasil precisa se preocupar com o cenário de alta no GNL, pois em abril o país entra no chamado período seco e o nível dos reservatórios pode cair novamente.

"Hoje, estamos em uma boa situação porque houve chuvas. Mas em abril vamos usar a água do reservatório? Precisamos de um planejamento como está sendo feito agora pela Europa", afirmou.

Nesta sexta-feira, os EUA se comprometeram a fornecer ao menos 15 milhões de metros cúbicos de gás até o fim de ano para a União Europeia como forma de reduzir a dependência energética dos países europeus com a Rússia, país responsável por fornecer 40% do gás consumido pelo bloco. O acordo prevê volumes crescentes até 2030.
Segundo a Petrobras, o GNL responde por cerca de 27% da oferta de gás no Brasil.
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