Panorama internacional

Ex-assessor do Pentágono explica avanço 'lento' das forças russas na Ucrânia

Propaganda no Ocidente criou falsas expectativas de um sucesso do Exército ucraniano, diz oficial aposentado dos EUA.
Sputnik
A Rússia alcançou amplamente seu objetivo de neutralizar os militares ucranianos, mas os governos ocidentais acreditam erroneamente que o progresso alegadamente "lento" da operação especial militar russa, projetada para evitar baixas civis, reflete fraqueza. Ao mesmo tempo, os países ocidentais estão canalizando armas para prolongar os combates, disse o ex-assessor do Pentágono e coronel aposentado do Exército dos EUA, Douglas Macgregor.
Nesta terça-feira (15), o coronel norte-americano, em entrevista ao Grayzone, afirmou que o presidente russo, Vladimir Putin, deu ordens estritas desde o início da operação para que baixas civis e grandes danos materiais fossem evitados.
A tática teria retardado o avanço dos russos "ao ponto de dar falsas esperanças aos ucranianos[…] e isso foi aproveitado por pessoas no Ocidente para tentar convencer o mundo de que uma derrota estaria em andamento, quando na verdade é o contrário", disse Macgregor.
Para o coronel aposentado, o conflito, em todas as suas intenções e propósitos, "já está definido.[...] Toda a operação desde o primeiro dia foi focada na destruição das forças militares ucranianas. Isso está em grande parte alcançado."
As unidades ucranianas ainda ativas "estão completamente cercadas e isoladas em várias cidades", disse Macgregor, incluindo até 60.000 combatentes na fronteira com a República Popular de Donetsk, cujos suprimentos provavelmente estão acabando.
Panorama internacional
22º dia da operação especial da Rússia na Ucrânia
A cobertura da mídia sobre os combates, no entanto, ignora essa realidade e pinta um quadro em que os militares russos parecem "ineptos" – nas palavras de alguns senadores dos EUA – porque não derrotaram Kiev em poucos dias. Isso é então usado como argumento pelos defensores da intervenção da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e da adoção de uma zona de exclusão aérea na Ucrânia, mas também por aqueles que desejam enviar mais armas para Kiev.
"É muito óbvio que Washington quer que isso continue o maior tempo possível, na esperança de que a Rússia seja desesperadamente prejudicada. Eu simplesmente não vejo isso acontecendo", disse Macgregor.
O maior problema agora, para o coronel, é que "no Ocidente, não há verdade. Há uma ilusão e há essa impressão de sucesso dos ucranianos que não tem sustentação", acrescentou ele. "A maior mentira que ouvi repetida na televisão é que as tropas russas foram instruídas a assassinar deliberadamente civis ucranianos. Isso é um absurdo, é um absurdo".
O presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, pediu ao Congresso dos EUA, na quarta-feira (16), que envie caças, mísseis de defesa aérea e outras armas para Kiev, além de estabelecer uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, para que seu exército possa derrotar a Rússia. Ele usou o mesmo argumento falando aos legisladores canadenses na terça-feira (15).
Macgregor, no entanto, acredita que tais remessas não terão efeito e que a recusa de Zelensky em negociar um armistício só fará com que mais ucranianos sejam mortos.
Comentar