Panorama internacional

Europa pode sofrer duro baque por sanções contra Rússia, dizem analistas

Especialistas acreditam que a economia do continente europeu sofrerá o maior golpe comercial décadas depois do "Ostpolitik" — termo referente à aproximação entre o leste e o oeste europeu a partir da década de 1970 — liderado pela Alemanha.
Sputnik
Na quarta-feira (2), os Estados Unidos e seus aliados divulgaram novas sanções contra 22 entidades russas relacionadas à defesa, em resposta à operação militar especial realizada na Ucrânia. Esta é mais uma das muitas ondas de sanções e restrições anunciadas pelos países do Ocidente nos últimos dias.
Também na quarta-feira (2), senadores norte-americanos apresentaram o projeto de lei "Heroyam Slava" (Glória aos Heróis, em português) que proíbe empresas controladas ou de propriedade de Moscou, como a Rosneft, Gazprom, Rosatom, Aeroflot e RT, de ter acesso ao capital norte-americano.
Em entrevista com a Sputnik, o professor da Universidade de Ciências Políticas da Califórnia, nos EUA, Beau Grosscup, opinou que a política de "Ostpolitik" trouxe benefícios para o Ocidente, mas ao mesmo tempo aumentou a vulnerabilidade dos países europeus.

"A Europa será duramente atingida pelas sanções devido às três décadas de sua 'Ostpolitik' comercial que aumentou a interdependência com a Rússia e a China, tornando a Europa vulnerável às sanções impostas pelos EUA. [...] É por isso que os europeus, a França e a Alemanha, em particular, continuam reservadas sobre todo o barulho gerado pela dinâmica EUA e OTAN", explicou Grosscup.

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O historiador e comentarista político, Dan Lazare, chamou a atenção para as consequências já observadas nos EUA e em países da Europa. "Aqui nos EUA, o preço da gasolina quase dobrou desde meados de 2020, o petróleo subiu 33% desde 1º de janeiro, enquanto os preços do gás natural na Alemanha, nos últimos 12 meses, mais que quadruplicaram", disse o historiador.
"A dor só pode aumentar à medida que os preços da energia continuam a disparar e a guerra se intensifica. [...] As consequências econômicas não vão ser boas e as consequências políticas também não serão", afirmou Lazare.
O ex-consultor da União Europeia e atual presidente do Instituto de Política Global nos EUA, Paolo von Schirach, acredita que as sanções vão causar grandes danos à Rússia, mas que é impossível prever quanto tempo elas vão durar e o quão prejudicial serão a longo prazo.

"Com certeza, a Rússia poderá continuar a fazer negócios com a China, Irã, talvez Índia e outros países da América Latina ou da África. Mas isso não será suficiente para compensar a perda de negócios com a Europa e outras economias desenvolvidas", disse von Schirach.

No entanto, o especialista acredita que somente as sanções não serão suficientes para "mudar a vontade política da Rússia em relação à Ucrânia".
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