Panorama internacional

Improvável EUA regressarem ao JCPOA sem Irã liberar 'reféns' norte-americanos, diz Washington

Enviado especial dos EUA nas negociações do acordo nuclear com o Irã falou à Reuters, afirmando que há quatro pessoas detidas no país persa por questões políticas, sugerindo uma ligação entre as questões.
Sputnik
Os EUA não deverão assinar um acordo nuclear com o Irã sem Teerã libertar quatro cidadãos norte-americanos que Washington diz serem reféns, relatou no domingo (24) o principal negociador americano em entrevista à agência britânica Reuters.
Robert Malley, enviado especial dos EUA a Viena, Áustria, repetiu a posição anterior do país de que as pessoas supostamente detidas no Irã são uma questão separada, mas ao mesmo tempo pareceu a ligar inextricavelmente às negociações do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês).

"São separadas e estamos perseguindo ambas. Mas vou dizer que é muito difícil para nós imaginar regressar ao acordo nuclear enquanto quatro americanos inocentes estão sendo mantidos reféns pelo Irã", indicou.

"Então, mesmo enquanto estamos conduzindo negociações indiretamente com o Irã no dossiê nuclear, nós estamos conduzindo, também de forma indireta, discussões com eles para assegurar a liberação de nossos reféns", explicou Malley.
A Reuters também falou com Barry Rosen, ex-diplomata dos EUA e um dos reféns nos anos 1979-1981 no Irã, após a Revolução Islâmica no país. Ele participou de uma greve de fome para liberar as pessoas no Irã, que apreciaram o gesto, mas também o imploraram a parar por não ser mais necessário. Rosen decidiu parar ao fim de cinco dias.
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Em resposta à exigência norte-americana, o Ministério das Relações Exteriores do Irã excluiu a hipótese de ela ser uma precondição para o regresso ao JCPOA e culpou Washington pela lentidão das negociações.

"Irã nunca aceitou quaisquer precondições [...] Os comentários do funcionário dos EUA sobre a liberação de prisioneiros dos EUA no Irã são para consumo interno", disse Saeed Khatibzadeh, porta-voz da chancelaria iraniana, durante uma coletiva de imprensa semanal, citado pela Reuters.

Teerã nega ter prisioneiros políticos, insistindo que as acusações estão relacionadas a espionagem e à segurança nacional do Irã.
Os EUA assinaram em 2015 com alguns outros países, incluindo o Irã, o JCPOA, com o objetivo de limitar o programa nuclear do país, em troca de retirar sanções.
No entanto, sob a administração de Donald Trump (2017-2021), Washington acusou Teerã, sem provas, de violar o acordo e o abandonou em 2018, restaurando sanções ao Irã. Isso levou o país persa a também começar a se afastar dos termos do acordo nuclear em 2019.
Após a entrada em funções em 2021 da administração do atual presidente Joe Biden, os EUA acederam às negociações para retomar o acordo, mas a Casa Branca seguiu com uma política dura anti-iraniana, impondo muitas mais sanções que as que removeu e continuando o estado de conflito com o país no Oriente Médio em diversos incidentes e afirmações.
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