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As tecnologias que vão decolar e trazer impactos em 2022, segundo especialista

Inteligência Artificial (IA), Machine Learning, Computação na Nuvem e 5G serão as tecnologias mais relevantes em 2022, segundo avaliação de líderes globais. Para entender o cenário, a Sputnik Brasil conversou com um especialista sobre as tendências e os obstáculos para a alavancagem das novas ferramentas.
Sputnik
Se em 2022 não há carros voadores pelo céu ou máquinas do tempo, como alguns filmes do passado previam, alguns elementos "futurísticos" já estão, sim, presentes na nossa realidade.
Para o engenheiro de comunicações Raul Colcher, membro do Instituto dos Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE) - organização técnico-profissional internacional com sede em Nova Jersey, nos EUA -, a Inteligência Artificial (IA) "certamente não é mais ficção científica".

"A IA faz parte do repertório de ferramentas de praticamente todos os setores", apontou Colcher em entrevista à Sputnik Brasil. "O que a diferencia de aplicações informáticas comuns é que por ela se consegue realizar análises estatísticas de grande quantidade, fazendo os sistemas aprenderem automaticamente. Em vez de ser programada para fazer o que se deseja, essa tecnologia possui uma estrutura de aprendizado".

Segundo uma pesquisa do IEEE, as tecnologias mais importantes deste ano serão Inteligência Artificial (IA), Machine Learning (Aprendizado de Máquina), Computação na Nuvem e 5G.
O levantamento do instituto foi feito com base em análises de líderes globais de tecnologia dos Estados Unidos, do Reino Unido, da China, da Índia e do Brasil.
Para Colcher, que também é presidente da Questera Consulting (empresa de consultoria dedicada ao aconselhamento estratégico e à educação corporativa), a pesquisa demonstra que as tecnologias mais importantes são as vinculadas à transformação digital.
Além de IA e Computação na Nuvem, o especialista cita a Robótica (ciência que estuda as tecnologias associadas a concepção e construção de robôs) e os conceitos de Internet das Coisas (interconexão digital de objetos cotidianos com a Internet) e Blockchain (sistema que permite rastrear o envio e o recebimento de informação pela Internet).
Ele também ressalta as ferramentas que ganharam protagonismo nos últimos anos, como a microeletrônica e os serviços que permitem as teleconferências, essenciais durante a pandemia. "A impressão tridimensional e as tecnologias de baterias vinculadas à eletrificação automotiva também avançaram", acrescentou.
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Sobre o Machine Learning, o especialista destaca o crescente potencial da máquina em coletar dados, com algoritmos aperfeiçoados, capacitando, progressivamente, o sistema para realizar análises mais precisas.

"Em um exame médico de imagem, a máquina é capaz de identificar um problema com mais precisão do que um examinador humano. Em outro contexto, em vendas do varejo, por exemplo, ela possibilita estratégias da empresa de posicionar produtos para melhorar e atingir vendas mais efetivas", afirmou Colcher.

5G e Internet das Coisas

Segundo o engenheiro de comunicações, o 5G não é apenas mais um passo para a evolução da tecnologia de redes móveis e banda larga. Em sua visão, "o 5G estabelece um ponto de inflexão na utilização de serviços de telecomunicações".

"Historicamente, a velocidade da Internet e a capacidade de rede foram aumentando até a quarta geração. A quinta geração tem uma característica peculiar, porque não só apresenta um aumento de velocidade de transmissão, mas também melhora o que chamamos de latência na rede, ou tempo de reação", explicou.

Com isso, segundo o especialista, os dispositivos podem ser operados de forma mais sensível. Em uma cirurgia robótica, por exemplo, em que o paciente é operado remotamente, o movimento do cirurgião precisa ser instantâneo, para que a cirurgia seja eficiente e segura.

"Com o 5G, há maior confiabilidade, melhor uso de espectro de frequências e uma série de outras vantagens. A grande viabilizadora do 5G, do ponto de vista de geração de tráfego e, por conseguinte, de receita para as operadoras, é a Internet das Coisas, que vai estar presente em boa parte das redes de 5G no mundo todo", indicou.

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Avanço da tecnologia x Desemprego

Para Colcher, o surgimento de novas tecnologias contribui tanto para a destruição como para a criação de empregos. O problema, segundo ele, é que a parcela da sociedade substituída pelas máquinas não é a mesma beneficiada pela nova dinâmica.

"Um dos desafios que aparecem é a questão do emprego. Tenho uma visão razoavelmente otimista, mas existem pesquisas que mostram que o processo de destruição de empregos vai se acelerar e é uma grande ameaça", afirmou o especialista.

Ele recorda que, há algumas décadas, os empregos destruídos eram de tarefas mecânicas, repetitivas e facilmente substituídas por sistemas automáticos. Agora, com a Inteligência Artificial e processos computadorizados mais sofisticados, o impacto é maior.

"Hoje é possível substituir departamentos de contabilidade inteiros, uma população de operários nas fábricas. Existe um processo de perda de empregos em vários níveis, não só básicos, mas de colaboradores mais especializados", alertou.

Segundo o engenheiro de comunicações, embora a tecnologia crie outras funções na sociedade pela modificação das tarefas que não existiam, os novos empregos demandam bem mais especialização.

"As pessoas que perderam emprego não são candidatas naturais aos novos postos de trabalho, por uma assimetria educacional. Então, um dos grandes desafios é o da formação contínua das pessoas, da preparação da educação, para esse novo ambiente, que é inexorável", pontuou.

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Colcher acredita que não se pode ter "a pretensão ou a ilusão" de que é possível deter o progresso cientifico e tecnológico. Segundo ele, o que a sociedade precisa é tentar lidar com a evolução tecnológica minorando os impactos e preparando a população para este novo contexto.

"Há uma série de dificuldades. Toda onda de tecnologia cria um conjunto de vantagens, melhorias e avanços, mas também gera novos desafios", afirmou.

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