Panorama internacional

Ministro russo indica causas da crise dos altos preços do gás na Europa

Uma das causas da crise e da alta dos preços do gás na Europa é a recusa da Comissão Europeia de assinar contratos de longo prazo, disse Aleksandr Novak, vice-primeiro-ministro da Rússia, em entrevista ao portal russo RBC.
Sputnik
Em 21 de dezembro os preços à vista do gás na Europa atingiram máximos históricos, excedendo pela primeira vez US$ 2.000 (R$ 11.200) por 1.000 metros cúbicos. Em tempos anteriores, geralmente os preços oscilavam entre US$ 300-400 (cerca de R$ 1.690 -2.250).
De acordo com o ministro, a Comissão Europeia se recusa deliberadamente a realizar investimentos estratégicos na indústria, optando por contratos à vista, que supõem a satisfação das encomendas no curto prazo, sem ter em conta a situação do mercado no médio e longo prazo.

"Isso levou a que no verão de 2021 [no Hemisfério Norte], quando era necessário encher de gás os depósitos subterrâneos, o gás natural liquefeito (GNL) fornecido através de contratos à vista (através da bolsa), com o qual a Europa contava, foi para outros mercados, mais favoráveis do ponto de vista econômico", explicou Novak.

Como resultado, o GNL dos EUA, Catar e Austrália foi na sua maioria enviado a região da Ásia-Pacífico, resultando em um déficit na Europa.
Além disso, na Europa houve uma queda na produção de gás, salientou vice-primeiro-ministro. Por exemplo, desde 2013 o fornecimento de gás proveniente dos Países Baixos diminuiu em 70%, enquanto a produção total das empresas europeias baixou em 22%.
As antigas jazidas de gás estão ficando esgotadas, é necessário investir na exploração de novas jazidas, aponta Novak.
"Em geral na Europa o gás é extraído de jazidas na plataforma continental, que são bastante caras, exigem apoios governamentais e captação de financiamento barato. Mas o que estamos vendo? Aos bancos são dadas recomendações para não financiarem os projetos de hidrocarbonetos tradicionais, incluindo os de extração de petróleo e gás. Isso levará a que haja ainda mais escassez no mercado", alerta ministro russo.

Certificação do Nord Stream

No que se trata da certificação do gasoduto russo Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2), Novak declarou que é impossível impedir a realização deste projeto.
"Acreditamos este projeto não pode ser frustrado. Ele foi construído de acordo com todos os requisitos da legislação", afirmou.
Ele disse que é esperado que a certificação do gasoduto seja realizada no primeiro semestre de 2022, ressaltando que quaisquer requisitos colocados ao projeto "além da legislação em vigor" serão politicamente motivados.
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Em novembro, o regulador alemão suspendeu temporariamente a certificação da Nord Stream 2 AG como operador independente do gasoduto. A construção do Nord Stream 2 começou em 2018 e terminou em setembro de 2021.
O gasoduto está pronto para começar a transferir gás para a Alemanha – de onde ele pode ser transportado para o sul e oeste da Europa. No entanto, o projeto deve passar pelo processo de certificação dos reguladores alemães e europeus.
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