Panorama internacional

Paradoxo da China: por que crise imobiliária no país não afeta preços globais das matérias-primas?

Um artigo da agência Bloomberg indicou razões pelas quais os problemas financeiros da empresa Evergrande, que tem grande parte do setor imobiliário do país, não estão baixando os preços de matérias-primas no mundo.
Sputnik
A Shimao Group, companhia imobiliária da China, afirma que não cumprirá seus objetivos de vendas neste ano em meio a uma crise da dívida no setor e ao endurecimento na regulação do mercado de dívida que está sendo realizado pelo governo do país.
De acordo com os investidores, a companhia planeja iniciar a compra de suas ações e obrigações para impulsionar a confiança, e considerará a liquidação de alguns dos seus ativos comerciais e hoteleiros se houver preços satisfatórios. A Shimao Group já comunicou na sexta-feira (5) aos investidores que as vendas estarão cerca de 12% abaixo do programado para 2021.
Devido a isso, na sexta-feira (5) as ações da empresa caíram 13,3%, enquanto suas obrigações corporativas comercializadas em Xangai tombaram mais de 20%.
Guindastes em local de construção próximo à sede do Grupo Evergrande da China em Shenzhen, província de Guangdong, China, 26 de setembro de 2021
A Standard & Poor's, agência de classificação de risco, publicou em 27 de outubro um estudo, segundo o qual a crise da dívida do gigante imobiliário chinês Evergrande significa que nos próximos 12 meses um terço das empresas do setor poderá não conseguir pagar suas dívidas.
No entanto, apesar dos temores de um efeito dominó no mercado global, os preços mundiais do concreto, ferro e hidrocarbonetos permanecem em níveis perto de máximos históricos, devido ao que a agência Bloomberg teorizou ser o papel da inflação, tornando as matérias-primas atrativas como investimento seguro, e também o novo ciclo de matérias-primas, semelhante ao que ocorreu na década de 2000, além da atual bolha de ações tecnológicas prevista por especialistas há anos.
Por sua vez, Michael Burry, investidor norte-americano, comparou em declarações à emissora CNBC a atual situação nos mercados financeiros com a bolha dotcom, que estourou em 2000, e o frenesi especulativo antes da Grande Depressão de 1929.
O setor imobiliário representa até 30% do PIB da China.
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