Por trás da caixa-preta: FAB revela como analisa dados aeronáuticos com tecnologia nacional

As caixas-pretas de aeronaves contribuem imensamente para a elucidação dos acontecimentos anteriores ao acidente.

O Brasil, por muito tempo, dependeu de serviços de leitura e análise de dados de gravadores de voo de outros países, contudo, desde 2006, o CENIPA conta com o LABDATA, um espaço que possui equipamentos específicos e equipes técnicas especializadas, possibilitando a análise dos dados, mesmo que estejam severamente danificados.

Com a ajuda da tecnologia do LABDATA, os dados são apresentados para análise, em formatos gráficos ou por meio de animações, que auxiliam os investigadores na compreensão do evento, bem como na produção das recomendações de segurança.

"Usamos microscópios que permitem observar as placas de vários ângulos sem ao menos tocarmos nelas. Ainda assim, usamos luvas e jalecos antiestáticos, sempre com o objetivo de resguardar as informações em qualquer dispositivo que possa contribuir para elucidar a ocorrência", explicou o analista de dados de gravadores de voo, Sargento Felipe Marques Gomes.

De acordo com o analista, citado pela Força Aérea Brasileira (FAB), quando um gravador esteve submerso na água, é preciso um cuidado redobrado, já que o processo de oxidação ocorre quando o equipamento é retirado da água, entrando em contato com o ar.

"Então, a partir das características do gravador, utilizamos fornos específicos para a secagem dos componentes eletrônicos, sempre buscando preservar os dados", explica.

Além destas tecnologias únicas na América do Sul, o LABDATA passou a utilizar a animação em realidade virtual do acidente em 3D, fornecendo uma visão externa e interna da aeronave, e mostrando a sequência do voo realizada com base no cruzamento de dados dos sistemas de voo, sendo possível analisar a trajetória da aeronave, velocidade, caminho percorrido, altitude, atuação dos comandos de voo, funcionamento dos sistemas, além de ouvir as conversas na cabine de comando.

O CENIPA é o órgão do Comando da Aeronáutica responsável pelas atividades de investigação de acidentes aeronáuticos civis e militares, contando desde 2006 com o LABDATA, uma peça importante na preservação da vida humana.

Quando um acidente aéreo ocorre, é iniciado um processo de investigação, com finalidades não punitivas e sem o objetivo de apontar culpa ou responsabilidade, mas sim, a prevenção de outros acidentes e incidentes, através da identificação dos fatores que tenham contribuído, direta ou indiretamente, para a ocorrência.