Saída dos EUA e da OTAN do Afeganistão foi feita sem pensar nas consequências, diz Lavrov

Neste sábado (25), o chanceler russo Sergei Lavrov, comentou, entre outras questões, as relações com o Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) e a situação atual no Afeganistão, falando com jornalistas após seu discurso na Assembleia Geral da ONU.
Sputnik
A saída precipitada das forças dos EUA e da OTAN do Afeganistão foi feita sem pensar nas consequências, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em conferência de imprensa aquando da Assembleia Geral da ONU nesse sábado (25). O chanceler russo sublinhou que no Afeganistão foram deixadas muitas armas e que é preciso fazer com que elas não sejam usadas com objetivos destrutivos.
"Infelizmente, a retirada precipitada, vamos chamar assim, das tropas dos Estados Unidos e de outros países da OTAN, foi realizada sem pensar nas consequências, e essas consequências, como vocês sabem, consistem no fato de no Afeganistão terem ficado muitas armas", disse.

Novo governo, sanções e relações com Talibã

Lavrov também comentou o governo recém-formado do Talibã. Segundo ele, é importante que os talibãs cumpram as promessas, embora o novo governo não represente os interesses de toda a sociedade do Afeganistão.
"Agora o mais importante é que essas promessas sejam cumpridas. O primeiro passo que foi dado com a criação de uma nova estrutura governante transitória não reflete, com certeza, toda a paleta da sociedade afegã do ponto de vista religioso, étnico e político".
Além disso, o chanceler russo destacou que a Rússia apoia a decisão do Talibã de combater o Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países).
Um membro das forças de segurança do Talibã monta guarda entre as pessoas que passam em uma rua em Cabul, Afeganistão, 4 de setembro de 2021
Quanto às sanções contra o movimento, Lavrov disse que no Conselho da Segurança da ONU não foi levantada a questão sobre a flexibilização ou o fim das sanções contra o Talibã, mas destacou que isso não afeta o contato com eles.
"Para o trabalho atual com os talibãs, isso [a retirada das sanções] não é necessária", disse o ministro russo.
"A situação atual não restringe nem impede nossos contatos com o Talibã. Ademais, as sanções do Conselho da Segurança da ONU, conforme foram formuladas nas respetivas resoluções, não proíbem tais contatos. Pelo contrário, as resoluções do CS da ONU se baseiam na necessidade de fazer avançar o processo político, o que não pode ser feito com o Talibã."
O chanceler também comentou o reconhecimento do novo governo, dizendo que no momento essa questão não se coloca e que a questão será discutida se e quando a Rússia receber o pedido de nomeação do novo embaixador afegão em Moscou.
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