EUA devem ter 'cenário de divisão' para a Síria, afirma vice-chanceler da Rússia

O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia discutiu na terça-feira (14) as questões de Damasco e Teerã, acreditando que "a presença ilegal dos EUA" no país tem o objetivo de dividir a Síria.
Sputnik
Sergei Ryabkov, vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, sugeriu na terça-feira (14) que os EUA têm planejado para a Síria um cenário de partição de fato.
"Lembro que uma das principais causas da instabilidade e do conflito contínuo na Síria é a presença ilegal dos EUA no país [...] Penso que em seu arsenal há um cenário de divisão de fato da Síria. Somos contra isso, e estamos agindo de acordo com as resoluções existentes do Conselho de Segurança da ONU, que confirmam a integridade territorial da Síria", disse Ryabkov à RT Árabe.
A guerra na Síria decorre desde 2011. Palestras conhecidas como "formato Astana" (antigo nome da capital do Cazaquistão) são realizadas em Nur-Sultan desde 2017.
No final de 2018 foi realizado em Sochi, Rússia, o Congresso de Diálogo Nacional Sírio, sendo a primeira tentativa desde que o conflito começou para reunir uma ampla gama de participantes em uma única plataforma de negociação, cujo comitê constitucional em Genebra, Suíça, tem a tarefa de preparar a reforma constitucional para o país.

Irã e acordo nuclear

Ryabkov também exortou os EUA e a Europa a serem realistas nas negociações com o Irã, com o objetivo de restaurar os termos do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), ou acordo nuclear iraniano.
"Com a vontade política, é possível esses tópicos [o programa balístico do Irã e a influência do Irã] serem discutidos [...] Pedimos aos americanos e europeus que sejam realistas, para que primeiro voltemos ao acordo nuclear iraniano. Depois entenderemos quando e como podemos discutir estes ou outros tópicos", disse ele.
Em 2015 a Alemanha, China, EUA, França, Irã, Reino Unido e Rússia assinaram a JCPOA, um acordo que permite o levantamento das sanções em troca da limitação do programa nuclear do Irã como garantia de que Teerã não obteria armas nucleares.
Em maio de 2018 Donald Trump, então presidente dos EUA, decidiu retirar-se unilateralmente do acordo nuclear e reinstituir duras sanções contra o Irã. Em resposta, o país persa disse que deixaria gradualmente seus compromissos sob o acordo, abandonando as restrições à pesquisa nuclear, centrífugas e níveis de enriquecimento de urânio.
Após a entrada em poder nos EUA do presidente Joe Biden em janeiro de 2021, iniciaram-se negociações em Viena, Áustria, para restaurar o JCPOA e levantar as sanções norte-americanas contra o Irã.
Mikhail Ulyanov, representante permanente da Rússia junto a organizações internacionais em Viena, disse em julho que o trabalho para restaurar o acordo estava quase 90% concluído, faltando as questões políticas relacionadas com os compromissos dos EUA e seu cumprimento futuro. As autoridades iranianas disseram que o novo governo, que foi formado após a posse do presidente eleito Ibrahim Raisi em 5 de agosto, continuaria as negociações para restaurar o acordo.
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