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7 de setembro: 'Ainda hoje, para brasileiro, todo o português é burro', diz especialista lusitano

O português Carlos Fino lançará o livro "Portugal-Brasil: raízes do estranhamento" até o fim do ano. Fruto da sua tese de doutorado pelas universidades de Brasília e do Minho, a obra explora o distanciamento entre os dois países desde a independência brasileira, como conta em entrevista à Sputnik. 
Sputnik
Tendo estudado Direito na Universidade Clássica de Lisboa e na Université Libre de Bruxelles, com uma carreira jornalística extensa e premiada como correspondente estrangeiro em Moscou, Bruxelas e Washington, Fino mora desde 2004 no Brasil, onde foi conselheiro da Embaixada de Portugal em Brasília entre aquele ano e 2012, nos dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Casado com uma brasileira, ele deu início a suas pesquisas para o doutorado em Ciências da Comunicação em 2013, em uma parceria entre as universidades de Brasília e do Minho, no Norte de Portugal.
Com um currículo que abarca coberturas de conflitos como a guerra civil na Albânia e os ataques dos Estados Unidos contra o Talibã, Fino ficou famoso por ter sido o primeiro no mundo a noticiar, pela RTP, o bombardeio a Bagdá, em 2003, que deu início à Guerra do Iraque.
Após uma longa e vitoriosa carreira jornalística, resolveu se dedicar ao estudo sobre as raízes do estranhamento e da (in)comunicação entre Portugal e Brasil. Nesta entrevista à Sputnik Brasil, ele fala sobre o significado do 7 de setembro para seu país atualmente, bem como sobre o antilusitanismo histórico em terras brasileiras, apesar de pouco dizer sobre o antibrasileirismo em solos lusitanos.
"Ainda hoje, em geral, para brasileiro, todo o português é burro [...] É certo que o antilusitanismo é histórico, não está virado contra o Portugal contemporâneo, que muitos brasileiros apreciam [...] Mas não deixa, por isso, de ser real e profundo, uma vez que está na origem da própria nacionalidade brasileira, a qual, para se constituir e fortalecer, teve que fazer do português o outro a se diferenciar, expulsar ou eliminar", opina Fino.
Carlos Fino com o ex-presidente Lula
Apesar de preferir não responder às perguntas feitas por este correspondente da Sputnik Brasil em Lisboa sobre a atual política interna brasileira, especificamente sobre como Jair Bolsonaro tem se aproveitado da data para inflamar ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à democracia, Fino dá sua perspectiva sobre as relações diplomáticas entre os dois países.
"A minha esperança é que o Brasil, à medida que for mais desenvolvido, passe a ser mais condescendente para com a sua própria História e, portanto, também em relação a Portugal", defende.
Confira a íntegra da entrevista abaixo:
Sputnik Brasil: O que significa o 7 de setembro para Portugal hoje?
Carlos Fino: Enquanto data concreta e para a maioria da população, provavelmente muito pouco, dada a ausência de celebrações mútuas recíprocas. Mas o acontecimento em si – a separação do Brasil de Portugal – continua a ser tema de reflexão acadêmica, designadamente historiográfica. A questão não está fechada porque, ao contrário do que tende a pensar o senso comum, o primeiro impulso para a separação, por mais estranho que pareça, partiu de Portugal. A nacionalidade brasileira não existia – a nação (índios e negros excluídos) era a mesma; foi o Estado brasileiro que gerou pela força o sentido nacional, que aliás só se consolida verdadeiramente no decorrer da Guerra do Paraguai (1864-1870). Mas Portugal sempre esteve tão ligado ao Brasil – calcula-se que pelo menos três milhões de portugueses migraram ao longo de três séculos para terras de Vera Cruz – que a separação deixou uma marca e gerou o sonho de uma reaproximação que muitos julgam ser mútuo, quando, na realidade – como ensinou Eduardo Lourenço – é só lusitano.
S: Acredita que, em 199 anos, Brasil e Portugal nunca estiveram tão distantes como agora?
CF: Não diria isso, já que em tempos – no final do século XIX – chegou a haver corte de relações! Por outro lado, os movimentos migratórios dos últimos anos – designadamente do Brasil para Portugal – têm sido significativos, a ponto da comunidade brasileira ser hoje a maior comunidade estrangeira em Portugal. A presença de centenas de milhares de brasileiros a viver no país, interagindo diariamente com os portugueses, acaba certamente por criar laços e gerar ideias mútuas sobre o outro, infelizmente muitas vezes marcadas pelo preconceito. De um lado e do outro há ideias feitas desajustadas que levam tempo a dissipar, sobretudo quando não há – como na realidade não há – um esforço oficial continuado no sentido da aproximação e do desfazer desses preconceitos, alguns dos quais estão presentes no sistema de ensino e são ampla e reiteradamente veiculados pelos media.
S: O senhor afirma na sua tese que as relações entre Portugal e o Brasil têm sido permeadas por sentimentos de estranhamento ou desconforto mútuos, mesmo quando, no plano estatal, há coincidência ideológica e política dos regimes que os governam. No atual momento não parece haver convergência ideológica e política entre os governos de Jair Bolsonaro e Marcelo Rebelo de Sousa. O quanto isso tem contribuído para o distanciamento e a incomunicação entre os dois países?
CF: Apesar das notórias diferenças políticas e ideológicas, tem havido algum pragmatismo de parte a parte para se avançar nalguns temas em que há interesse recíproco. O que continua a faltar – mas isso não é de agora – é o desejo mútuo de aprofundar a relação, combatendo os preconceitos no sistema de ensino e nos media, no caso do Brasil e, no caso de Portugal, algumas ideias feitas em termos de comportamentos.
S: Isso ficou claro na última visita de Rebelo de Sousa ao Brasil, em que foi recebido por Bolsonaro sem máscara e ainda teria havido constrangimentos por piadas de cunho sexual contadas pelo presidente brasileiro, segundo noticiou o colunista Lauro Jardim, do Globo. Como os portugueses enxergam isso?
CF: Marcelo tem feito um esforço para trazer o Brasil a uma participação mais ativa e empenhada na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Afinal, o Brasil é um dos pais da criança, quando, nos anos 90, o então embaixador brasileiro em Lisboa, o saudoso José Aparecido de Oliveira, se empenhou de alma e coração nesse projeto. Quanto às notícias que refere, que não foram oficialmente nem confirmadas nem desmentidas, é que as palavras e ações – se é que as houve – ficam com quem as pratica. Ou, nos termos de Marcelo, quando se referiu à ausência do presidente brasileiro na cerimônia de relançamento do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, afirmou que "só dança quem entra na roda".
S: Por outro lado, Bolsonaro nunca visitou Portugal como presidente, apesar de Rebelo de Sousa ter prestigiado a cerimônia de sua posse em Brasília. A que o senhor atribui esse descaso do mandatário brasileiro com Portugal?
CF: Nas palavras de Eduardo Lourenço: "Brasil-Portugal: um sonho falso e um único sonhador".  A verdade é que Portugal há muito tempo que não está no radar do Brasil. E o atual presidente foi enfático quando, ainda com [Donald] Trump, marcou como sua prioridade absoluta a aproximação política com o grande vizinho do Norte. E há também, incontornável, a China, já hoje o maior mercado do agronegócio brasileiro. Só depois disso virá a Europa... E dentro da Europa, para ele – como para a maioria dos brasileiros – Portugal só se distingue dos outros países porque lá se fala português... Não porque haja entre nós um passado comum. Ainda hoje, muitos brasileiros preferem primeiro ir a qualquer outro país, antes mesmo de conhecerem Portugal.
S: O senhor fala do antilusitanismo no Brasil. Como isso é percebido no dia a dia? Pode dar exemplos práticos atuais que vão além de produções audiovisuais como 'Carlota Joaquina' e o 'Quinto dos Infernos'?
CF: Todos os portugueses com quem convivi ou convivo no Brasil têm relatos de antilusitanismo na sua experiência de vida aqui. Mas nem sempre isso se traduz em manifestações explícitas, como é o caso das anedotas, muitas vezes ofensivas e discriminatórias, que ainda circulam muito. Ainda hoje, em geral, para brasileiro, todo o português é burro. Lembra da Maitê [Proença]? Não é caso único nem isolado.
Daí que ninguém, no Brasil, tenha ficado espantado ou indignado – fez foi rir. Além disso, o antilusitanismo traduz-se num estado de espírito latente, que se expressa de formas difusas, mas reais – que vão desde o cinema (como os filmes que refere, que deixam um lastro profundo por muito tempo no imaginário popular) ao culto de uma ideologia que – num movimento autofágico e depreciativo da própria identidade brasileira – tende a valorizar tudo o que não é português, esquecendo ou rasurando a memória lusitana como se ela não estivesse na origem e não fizesse parte intrínseca do Brasil, como realmente faz. Calabar já quase deixou – nessas narrativas – de ser o traidor que foi, chegando a pôr em perigo a unidade do Brasil na luta contra os holandeses; hoje, aos olhos de muitos, é aqui quase um herói porque se virou contra os portugueses. Inacreditável, mas real.
Cena de 'Carlota Joaquina', interpretada por Marieta Severo de forma caricata no filme homônimo de Carla Camurati
É certo que o antilusitanismo é histórico, não está virado contra o Portugal contemporâneo, que muitos brasileiros apreciam. E muitas vezes, de tão arreigado, nem sequer é plenamente consciente, podendo por isso viajar incógnito a bordo dos aviões da TAP. Mas não deixa, por isso, de ser real e profundo, uma vez que está na origem da própria nacionalidade brasileira, a qual, para se constituir e fortalecer, teve que fazer do português o outro a se diferenciar, expulsar ou eliminar. Daí que não precise de se manifestar para estar presente e ser sentido, mesmo quando coberto pelo manto diáfano da cordialidade, limitando-se – tantas vezes – a ser apenas um olhar por detrás do olhar...
S: A que atribui esses sentimentos recíprocos de antilusitanismo no Brasil e antibrasileirismo em Portugal?
CF: Há um passado histórico que vem pelo menos desde a Independência, quando se travaram disputas e confrontos antiportugueses, alguns bastante violentos, como a célebre Rusga de Cuiabá, uma chacina antilusitana em Mato Grosso, no século XIX. Como escreveu o naturalista escocês George Gardner, que viajou então pelo Brasil, sempre que um motim ou qualquer tentativa de revolta se verificava no interior – o que era aliás frequente – os pobres portugueses são as primeiras vítimas, chacinados sem piedade, roubados de quanto possuem, concluindo: "Não há sentimento de simpatia entre as duas nações".
Depois, esse antilusitanismo acentuou-se nos anos do jacobinismo na República, quando Antônio Torres chegou a considerar o português "o pior inimigo do Brasil" e, em seguida, houve ainda a reação à onda de imigração portuguesa, no final do século XIX, sobretudo no Rio de Janeiro, em que os portugueses eram o outro que o brasileiro não queria porque falava diferente, tinha outros hábitos, e disputavam com a mão de obra local os lugares no mercado de trabalho.
A imagem negativa do português surgiu assim no contexto da demarcação cultural que já vinha ocorrendo desde a Independência com vista a identificar o que era próprio da identidade nacional e o que a distinguia da identidade portuguesa, da qual tinha absoluta necessidade de se diferenciar. A ridicularização do português no Brasil funcionou como mecanismo do afastamento pretendido.
S: O senhor também defende que o antilusitanismo no Brasil foi disseminado no ensino e nos meios de comunicação...
CF: Mas o que fixou definitivamente o antilusitanismo no Brasil – onde, em abono da verdade, sempre existiu também uma corrente pró-lusitana – foram o ensino e os meios de comunicação. Basta dar uma olhada na forma como o relato histórico é feito nas escolas brasileiras para se perceber como a opinião antilusitana é cultivada e difundida – uma narrativa que é depois retomada pelos media, designadamente o cinema, com obras como aquelas que referiu.
Nos anos 60, o poeta e ensaísta português Jorge de Sena chegou a propor (a exemplo do que fizeram os EUA e a Inglaterra) que se formasse uma comissão mista luso-brasileira de historiadores para, com absoluto rigor, eliminar dos manuais de um e outro país as visões unilaterais e os preconceitos. Infelizmente, essa proposta não passou até hoje do papel. Mesmo quando os regimes de um e outro país foram mais próximos – Vargas e Salazar – e, apesar disso, o Brasil continuou a cultivar uma memória negativa do seu passado lusitano. Ao contrário, aliás, do que fez a Argentina, que, com Perón, reviu e atenuou a imagem inamistosa que havia em relação à Espanha. A minha esperança é que o Brasil, à medida que for mais desenvolvido, passe a ser mais condescendente para com a sua própria História e, portanto, também em relação a Portugal.
S: O senhor afirma que o antilusitanismo permeia o sistema educativo brasileiro. Como a Independência do Brasil é ensinada nas escolas portuguesas?
CF: Tanto quanto sei, de uma forma desapaixonada, explicando o contexto de transferência da Corte para o Brasil na sequência das invasões napoleônicas e depois o assumir do poder no Rio de Janeiro por D. Pedro que, apesar de relutante no início, acabou por ser empurrado pelos acontecimentos a declarar a separação para preservar o trono e evitar ter de regressar a Portugal numa situação menorizada. Note que o primeiro impulso para a separação veio de Portugal, que na altura se considerava desprezado pela Corte instalada no Rio de Janeiro, na situação – como referia o Manifesto à Nação dos revoltosos liberais de 1820 – de "colônia de uma colônia".
S: Concorda que a língua, que deveria servir como um fator de união, muitas vezes, acaba se tornando uma barreira? Essa é a percepção que tenho cá em Portugal, com o preconceito linguístico de que os brasileiros não falam português, mas brasileiro, por exemplo. Qual é a percepção linguística que o senhor tem como português a viver no Brasil?
CF: Falamos sem dúvida a mesma língua, por mais que muitos portugueses – numa reação anacronicamente imperial – considerem que os brasileiros não falam o idioma de Camões (o que indigna profunda e justificadamente quem é alvo dessas atitudes) e que alguns acadêmicos brasileiros teimem até hoje em criar uma língua brasileira diferenciada. Esse debate já foi travado e resolvido nos anos 40 do século passado e a sua ressurgência só mostra como Portugal ainda não se desfez de uma injustificada tendência centralista – que em boa verdade, como ensina [António Manuel] Hespanha, nem sequer era a do Império – e como o Brasil continua a não ter, por mero e injustificado complexo, a questão da sua própria identidade cultural plenamente resolvida, teimando em não dar ao luso o que é do luso – na expressão do escritor brasileiro Álvares de Azevedo. Basta ver/ouvir as estações de rádio e televisão do país para se entender que a língua é a mesma, apesar das diferenças regionais e da forma como é falada no dia a dia nas ruas. A persistência dos preconceitos – designadamente a intolerância de muitos portugueses para com a diversidade das formas com que o português é falado fora do país – um verdadeiro preconceito linguístico – certamente não ajuda nada nas relações.
S: Em um dos seus artigos, o senhor cita haver um autêntico desdém pelas coisas portuguesas no Brasil. Essa indiferença não é diferente de lusofobia?
CF: Não é indiferença, é desdém mesmo. Ainda que lusofobia seja um termo excessivo. E não sou eu que o digo – são os próprios intelectuais brasileiros, Marcelo Coelho, articulista e membro (até hoje) do conselho editorial do jornal Folha de S. Paulo, um dos mais importantes do país, escreveu o seguinte, em 1999, quando do lançamento de "Mitologia da Saudade", primeiro livro de Eduardo Lourenço publicado no Brasil:
"Um livro sobre a saudade, escrito por um intelectual português, tem tudo para provocar reações alérgicas no público brasileiro. Não há coisa a que sejamos mais refratários do que à cultura portuguesa. Para nós, é quase uma contradição nos próprios termos. Fernando Pessoa e José Saramago só passaram por nossa alfândega porque recalcamos a lusitanidade deles [...] Tomamos posse virtual desses dois grandes escritores portugueses, portanto, sem abandonar nossa estranheza, nosso desdém, pela lusitanidade".
S: Recentemente, a escritora Clara Ferreira Alves publicou um artigo no Expresso em que escreveu que, no Brasil, ninguém lê nem compra livros. Apesar de lermos e admirarmos Camões, Pessoa, Eça, Saramago, Valter Hugo Mãe, apenas para citar alguns, não parece suficiente aos portugueses?
CF: Já no século XIX alguns intelectuais portugueses afirmavam o mesmo; mas era depois no Brasil que muitos deles encontravam o "suplemento de alma" para as suas obras, que o restrito mercado português não lhes podia proporcionar.
O jornalista português Carlos Fino, doutor em Ciências da Comunicação pelas universidades de Brasília e do Minho
CF: Todo o debate é legítimo, desde que travado com respeito mútuo e com base nos fatos historicamente comprovados. A questão da escravatura, que hoje legitimamente nos choca e precisa ser claramente condenada, tinha outro enquadramento noutras épocas e esse fato não pode deixar de ser tido em conta. Não se pode, de uma forma geral, condenar o passado com os olhos do presente. Por outro lado, transformar um debate legítimo numa arma política com vista a obter, hoje, determinados objetivos, é certamente controverso e não parece ser a melhor forma de esclarecer a questão.
Os dados globais sobre a escravatura negra no Brasil são relativamente imprecisos, dependendo da forma como se efetua o cálculo e do período abrangido, mas sempre da ordem dos milhões. Segundo [Livi-]Bacci, em três séculos e meio, foram transferidos para o Brasil 3,65 milhões de homens, mulheres e crianças, ou seja, 38% do tráfico mundial, constituindo os seus descendentes quase metade da população em começos do século XIX. Já The Trans-Atlantic Slave Trade Database refere que, entre 1500 e 1866 (englobando portanto já o Brasil independente, período de 60 anos em que o tráfico se intensificou), foram desembarcados no Brasil 4,9 milhões de escravos. Mesmo assim, em livro recente, o historiador português João Pedro Marques assegura que, contrariamente a uma ideia bastante difundida, Portugal não foi a maior potência escravista do Ocidente, cabendo essa "distinção" aos Estados Unidos.
Para aprofundar o debate, faço ainda notar que, na senda do historiador português António Manuel Hespanha, o historiador brasileiro João Fragoso sublinha que no Antigo Regime católico, de formação escolástica, a ordem era sustentada por "uma disciplina social na qual a obediência era amorosa, portanto, consentida e voluntária". Por outro lado, e concorrendo no mesmo sentido, a prática – não acessível a todos, mas também não excepcional – da alforria, garantia uma certa mobilidade social, contribuindo para a estabilidade geral do sistema. Fragoso considera até "estar superado o reducionismo analítico que dividia a sociedade entre senhores e escravos".
Trata-se de posição polêmica, claro, mas que terá de ser tida também em conta no debate. Por outro lado, é preciso não esquecer que os grandes beneficiários do tráfico foram em boa medida e por muito tempo os grandes senhores brasileiros (descendentes de portugueses, é certo, mas já brasileiros). Então, quem deve pedir desculpa a quem? 
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