Planos para nova bolsa de valores em Pequim alimentam temores de 'guerra' financeira, diz mídia

Economista afirma que ainda é um grande ponto de interrogação se a nova bolsa de valores vai prosperar, já que "a cidade de Pequim não tem a cultura certa para uma bolsa".
Sputnik
Os planos da China de lançar uma nova bolsa de valores em Pequim, anunciados pelo presidente Xi Jinping na quinta-feira (2), impulsionaram as ações das corretoras chinesas, mas derrubaram as ações da bolsa de Hong Kong em meio a temores de aumento da concorrência.
Embora o regulador de valores mobiliários da China tenha dito que a planejada bolsa de valores de Pequim é baseada no Novo Terceiro Conselho existente na cidade e complementa as bolsas de Xangai e Shenzhen, alguns temem que uma rivalidade para listar recursos seja inevitável.
"A bolsa de valores de Pequim está em pé de igualdade com as bolsas de Xangai e Shenzhen. Se prosperar, os três vão dividir o mercado em um confronto tripartite", disse Rock Jin, economista e CEO da consultora de investimentos PopEton, citado pela agência Reuters nesta sexta-feira (3).
Embora seja uma boa notícia para a economia, é um mau presságio para o mercado no curto prazo porque "afinal, desvia capital dos mercados de Xangai e Shenzhen", complementa o economista.
Pessoas na principal zona comercial de Xangai, China, 12 de julho de 2021
Rock Jin disse ainda que é um grande ponto de interrogação se a nova bolsa vai prosperar, já que "a cidade de Pequim não tem a cultura certa para uma bolsa".
Nem Xi nem a Comissão Reguladora de Segurança da China (CSRC, na sigla em inglês) disseram se a bolsa de valores de Pequim atrairia empresas listadas no exterior. A nova bolsa pretende atender empresas inovadoras de pequeno e médio porte (PME), afirma mídia.
"Este é um passo à frente nas reformas do mercado de capitais, pois aprimora o sistema de mercado de capitais em várias camadas e o financiamento direto", disse o banco de investimentos Morgan Stanley em nota, reproduzido pela Reuters.
O banco acrescentou que a implementação de um mecanismo de oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) na bolsa de Pequim abre caminho para a implantação do sistema de listagem nos principais conselhos de administração da China. Atualmente, apenas a bolsa ChiNext, em Shenzhen, e a STAR Market, em Xangai, adotam o sistema de IPO no estilo dos EUA.

Facilitar o financiamento

A China está lançando a nova bolsa como parte dos esforços para canalizar mais poupança das famílias para o mercado de ações para financiar a inovação e a recuperação econômica, enquanto reduz a dependência da economia de empréstimos bancários.
"A dificuldade de financiamento é o principal desafio que as PMEs enfrentam [...]. Apoiar as PMEs com financiamento direto ajuda a promover o consumo da China, já que as PMEs empregam a maior parte da força de trabalho na China", afirma Liu Hui, gerente de fundos da Invesco.
O CSRC anunciou nesta sexta-feira (3) um projeto de regras para vendas de ações, negociação e fechamento de capital na nova bolsa de valores. As empresas a serem listadas na bolsa de Pequim são "menores e mais novas" do que as listadas em Xangai e Shenzhen, e as elegíveis também podem migrar para as outras duas bolsas sem problemas, disse Zhou Guihua, funcionário do CSRC, citado pela mídia.
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