Kim Jong-un rejeita oferta do COVAX e diz que Coreia do Norte combate pandemia 'de seu jeito'

Líder norte-coreano Kim Jong-un deu ordens para empreender uma campanha mais dura de prevenção da epidemia, depois que ele recusou algumas vacinas estrangeiras oferecidas através do programa apoiado pela ONU.
Sputnik
Durante a sessão do Bureau Político na quinta-feira (2), Kim disse que os funcionários devem "ter em mente que o reforço da prevenção de epidemias é uma tarefa de extrema importância que não deve ser afrouxada nem por um momento", relatou hoje (3) a agência KCNA.
Segundo a KCNA, Kim "apelou à plena disponibilização dos meios materiais e técnicos necessários para o reforço da prevenção da epidemia, melhorando as qualificações profissionais e os papéis das personalidades oficiais no âmbito da prevenção da pandemia e completando o nosso sistema de prevenção de epidemias".
Recentemente, o líder norte-coreano apelou aos cidadãos que estejam preparados para restrições duradouras da COVID-19, indicando que as fronteiras do país permaneceriam fechadas apesar da deterioração das condições econômicas e alimentares. Desde o início da pandemia, a Coreia do Norte tem utilizado quarentenas duras e fechamentos de fronteiras para evitar surtos, embora sua reivindicação de estar inteiramente livre do vírus suscite dúvidas.
Na quinta-feira (2), a UNICEF, que fornece vacinas por meio do programa de distribuição COVAX, disse que a Coreia do Norte propôs que um lote de cerca de três milhões de doses da Sinovac, destinada para o país asiático, seja enviado para os Estados mais severamente afetados, em vez dele. Além disso, Pyongyang deveria receber as doses da vacina AstraZeneca através do COVAX, mas as entregas foram adiadas.
O líder norte-coreano Kim Jong-un discursa durante uma conferência de secretários do Partido dos Trabalhadores em Pyongyang, em divulgada em 7 de abril de 2021
Mesmo assim, de acordo com a entidade da ONU, o Ministério da Saúde norte-coreano ainda disse que vai continuar comunicando com o COVAX em relação a vacinas futuras. Alguns especialistas acreditam que Pyongyang pode querer outras vacinas, enquanto questiona a eficácia da Sinovac e os efeitos secundários da vacina AstraZeneca, como coágulos de sangue observados em alguns vacinados.
Leif-Eric Easley, professor de estudos internacionais na Universidade Ewha Womans em Seul, explica ao The Guardian que a Coreia do Norte provavelmente tenta fazer com que o COVAX forneça as vacinas mais eficazes e depois distribuí-las no país.
"O regime de Kim provavelmente quer a vacina mais segura e eficaz para a elite, mas administrar a Pfizer exigiria uma capacidade de cadeia de frio melhorada em Pyongyang e, pelo menos, discussões discretas com os Estados Unidos. A opção [Johnson & Johnson] também poderia ser útil para a Coreia do Norte, dada a portabilidade do imunizante e o regime de uma única dose", acrescentou.
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