Cientistas suíços pretendem cultivar órgãos humanos artificiais na Estação Espacial Internacional

Pesquisadores da Universidade de Zurique informaram que planejam, durante a futura missão à Estação Espacial Internacional em 28 de agosto, enviar para o órbita células-tronco humanas.
Sputnik

As células-tronco foram preparadas para cultivação de miniórgãos artificiais, ou seja, organoides. É o primeiro passo na realização de um projeto de fabricação industrial de tecidos humanos em condições de gravidade zero, conforme informação publicada no site da universidade.

O 3D Organoids in Space (Organoides 3D no Espaço, na tradução do inglês) é um projeto conjunto do Departamento Espacial da Universidade de Zurique e da empresa Airbus. Os biólogos da universidade prepararam uma justificativa teórica e realizaram os experimentos de laboratório, enquanto a equipe da Airbus Innovations, sob liderança de Julian Raatschen, desenvolveu o equipamento e é responsável por seu transporte à EEI.

Os organoides 3D despertam grande interesse da indústria farmacêutica: eles permitem conduzir testes toxicológicos diretamente em órgãos humanos, sem experimentos em animais. Os organoides cultivados das células-tronco dos pacientes também podem ser utilizados como "blocos de construção" para substituição de fragmentos de tecidos no tratamento de órgãos lesionados.

Cientistas suíços pretendem cultivar órgãos humanos artificiais na Estação Espacial Internacional
"Na Terra, é impossível produzir organoides 3D sem estruturas de suporte de matriz por causa da gravidade terrestre", diz em comunicado uma dos autores do projeto, Cora Thiel.

A etapa atual foi precedida por três anos de testes de produção na Terra e no espaço. Assim, em março de 2020, 250 provetas com células-tronco estiveram a bordo da EEI durante um mês. Durante esse período em condições de microgravidade, as células-tronco adultas se transformaram em estruturas diferenciadas semelhantes a órgãos, tais como fígado, ossos e cartilagens. Ao contrário, as amostras de controle cultivadas na Terra, em condições de gravidade normal, mostraram uma diferenciação das células mínima ou zero.

"Nós comprovamos que a criação de tecidos humanos no espaço é possível não apenas em teoria, mas também na prática", disse mais um participante do projeto, o professor de anatomia Oliver Ullrich.

Nesta missão, à órbita serão enviadas células-tronco dos tecidos de duas mulheres e dois homens de idades diferentes. Os pesquisadores vão verificar quão seguro e confiável é seu método na utilização de células com diferentes variações biológicas.

Os autores sugerem que no futuro a Estação Espacial Internacional vai funcionar como oficina de fabricação de miniaturas de tecidos humanos para sua utilização em nosso planeta para fins científicos e médicos.

"Tendo em vista a futura comercialização, devemos entender por quanto tempo e com que qualidade nós podemos manter os organoides após seu regresso à Terra", disse Oliver Ullrich.

A amostra do biomaterial voltará para Terra no início de outubro. Os primeiros resultados devem ser relatados em novembro.

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