Afeganistão pode se tornar viveiro do terrorismo após retirada de tropas da OTAN, diz Merkel

Afeganistão pode se transformar em um viveiro do terrorismo após a retirada das tropas da Aliança Atlântica, e isso deve ser contrariado, disse a chanceler alemã Angela Merkel em seu discurso no Bundestag na quarta-feira (25).
Sputnik

"Nós atingimos o objetivo estabelecido em 2001, no início da missão. Desde então, não houve mais ataques terroristas internacionais a partir do Afeganistão. Isso foi uma contribuição real para a segurança de nosso país, é um mérito de nossos soldados", afirmou a chanceler.

"Mas não devemos fechar os olhos para o fato de que, com a retirada das tropas aliadas, o Afeganistão pode de novo se tornar um viveiro da ameaça do terrorismo internacional, isso deve ser evitado", disse.

Os contatos com o Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países), que tomou o poder na República Islâmica, vão ser acordados com os parceiros internacionais, a questão foi discutida no encontro com o presidente russo Vladimir Putin e o diálogo deve continuar, adicionou Angela Merkel.

"A nova realidade é amarga, mas devemos lidar com ela. Nosso objetivo deve ser a manutenção do maior número possível das mudanças que ocorreram no Afeganistão nos últimos 20 anos. Sobre isso a comunidade internacional deve falar inclusive com o Talibã, não pode e não deve haver acordos incondicionais", segundo suas palavras.

"Para todos nós é claro: isso será difícil, mas devemos tentar [...] Vamos coordenar de perto nossas ações com os parceiros europeus e internacionais. As consultas na UE, OTAN e G7 já começaram, eu também discuti isso com o presidente russo [Vladimir] Putin, esse diálogo deve continuar."

O governo da Alemanha determinou no dia 18 de agosto o envio ao Bundestag de um pedido para confirmar o mandado da missão militar das forças alemãs para evacuação dos cidadãos alemães e funcionários locais do Afeganistão. A transferência dos militares se iniciou em 16 de agosto, até 600 soldados da Bundeswehr poderão ser engajados na operação, declarou o gabinete de ministros da Alemanha. Para analisar o mandato, o parlamento alemão realizou hoje (25) uma sessão extraordinária, interrompendo as férias.

A chanceler confirmou que o fechamento da ponte aérea com Cabul em alguns dias não significa que os esforços de evacuação das pessoas terminarão. Ela também adicionou que o país pretende trabalhar em prol da "criação de vias através das quais nós possamos no futuro continuar protegendo quem nos ajudou".

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