China muda política estratégica para próximos 5 anos em 'guerra tecnológica' com EUA

Pequim anunciou alteração na política estratégica para os próximos cinco anos para brigar com os EUA. Gigante asiático vai se concentrar nos avanços em setores críticos onde o país pode ser vulnerável.
Sputnik

Seis ministérios chineses emitiram em conjunto uma diretriz no fim de semana dizendo que até 2025, o país pretende desenvolver 10 mil empresas "pequenas gigantes" especializadas em setores de nicho, para promover a fabricação avançada, e outras mil empresas campeãs em um único setor, bem como grupos de empresas líderes.

Os EUA e a China podem coexistir e viver em paz, mas suas relações permanecerão desafiadoras para as próximas gerações, com períodos de alta tensão, disse nesta terça-feira (6), o coordenador de políticas da Casa Branca para a região Indo-Pacífico, Kurt Campbell.

"Eu acho que é possível que os Estados Unidos e a China possam coexistir e viver em paz? Sim, eu acho. Mas acho que o desafio (nos relacionamentos) será enormemente difícil para esta geração e a próxima", disse Campbell durante uma conversa com a Asia Society, uma organização sem fins lucrativos, sobre os desafios que Washington enfrenta na elaboração de uma estratégia em direção a Pequim.

Para a China, preservar um setor manufatureiro doméstico grande e completo pode continuar a ser uma chave no projeto geral, mas também deve ampliar esforços na construção de "campeãs ocultas", as pequenas e médias empresas (PMEs) que dominam os principais mercados em setores de nicho - para fechar lacunas com empresas como EUA, Japão e Alemanha em manufatura avançada.

Os ministérios propuseram a criação de um mecanismo de trabalho para orientar as PMEs especializadas a se transformarem em empresas "pequenas gigantes" em setores-chave do mercado doméstico e campeãs no mercado internacional.

Grandes grupos também serão orientados a se tornarem líderes globalmente competitivos. Espera-se que esse "padrão de gradiente" na fabricação seja formado em 2025.

China muda política estratégica para próximos 5 anos em 'guerra tecnológica' com EUA

Outras medidas da diretriz envolvem a melhoria da capacidade de inovação independente, facilitando a modernização da indústria e das cadeias de abastecimento e melhorando as políticas de financiamento e construção de talentos.

"Esta é uma lição que aprendemos com a repressão dos EUA contra o aumento da tecnologia da China. No período do 13º Plano Quinquenal (2016-2020), priorizamos a escala de mercado e a produção da indústria, mas a guerra de tecnologia acirrada entre a China e os EUA expôs os riscos da falta de 'campeãs ocultas' em setores com gargalos", disse Tian Yun, vice-diretor da Associação de Operações Econômicas de Pequim, ao Global Times.

Corrida tecnológica 

O governo Biden está supostamente conduzindo uma revisão da cadeia de suprimentos em setores que são essenciais para a economia dos EUA, incluindo semicondutores e baterias de lítio de grande capacidade. A mudança visa abordar vulnerabilidades e fortalecer as capacidades de fabricação nacional.

"A China acumulou uma rica experiência no desenvolvimento de titãs da indústria como a Huawei no passado. Agora precisamos mudar a ênfase da política para subir a escada da manufatura no 14º período do Plano Quinquenal (2021-2025)", disse Tian.

Os esforços já estão em andamento na China. Uma base industrial de semicondutores de terceira geração que está sendo desenvolvida pela Bronze Technologies está em construção em Shenzhen, província de Guangdong, sul da China.

China muda política estratégica para próximos 5 anos em 'guerra tecnológica' com EUA

Analistas disseram que a China ainda está no segundo e terceiro degraus em manufatura avançada, mas lidera em setores como 5G, comunicações quânticas e aeroespacial.

A China é agora o maior fabricante mundial, com valor agregado industrial em 2020. É também a única economia do mundo a ter todas as categorias industriais listadas pela ONU, de acordo com relatos da mídia.

"Fazer descobertas nos setores de estrangulamento requer investimentos ao longo de uma década, e podemos ver alguns resultados iniciais nos próximos cinco anos", disse Tian.
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