Pressão dos EUA 'mata' concurso de cabos submarinos envolvendo Huawei, diz mídia

Um projeto de construção de cabos submarinos em três países no Pacífico foi terminado, depois que Washington advertiu contra a participação de empresas chinesas.
Sputnik

Um projeto de instalação de cabos submarinos entre países do oceano Pacífico, no valor de US$ 72,6 milhões (R$ 366,8 bilhões) foi rejeitado depois que eles atenderam aos avisos dos EUA de supostas ameaças à segurança devido à participação de candidaturas de empresas da China, relatou na sexta-feira (18) a agência britânica Reuters citando duas fontes anônimas.

O concurso teve como participantes a empresa francesa Alcatel Submarine Networks, parte da finlandesa Nokia, a japonesa NEC e também a participação da chinesa HMN Technologies, previamente chamada de Huawei Marine Networks. Esta última ofereceu um preço 20% inferior ao da concorrência.

"O processo foi concluído sem uma concessão devido ao descumprimento das exigências dos documentos de licitação", disse o Banco Mundial, sediado em Washington, EUA.

Promovido pelo Banco Mundial e o Banco Asiático de Desenvolvimento, o projeto de Cabo da Micronésia Oriental foi criado para melhorar as infraestruturas subaquáticas entre Nauru, Kiribati e os Estados Federados da Micronésia, oferecendo assim uma capacidade de dados muito maior que a dada por satélites.

A HMN estava em posição forte para vencer o concurso, indica uma fonte, mas as agências de desenvolvimento, representadas pelos países ilhéus, decidiram não aprovar a continuação do projeto.

"Dado que não havia uma maneira tangível de remover a Huawei como um dos licitadores, todas as três propostas foram consideradas não conformes", disse uma das fontes da Reuters.

Oposição dos EUA

Em 2020, Washington enviou uma carta diplomática à Micronésia avisando contra a atribuição de um contrato a empresas chinesas, devido a acordos militares do país com os EUA, em vigor há décadas. Nauru, por sua vez, tem relações fortes com Austrália e Taiwan, ambos ligados aos EUA, enquanto o Kiribati tem recentemente aumentado as ligações bilaterais com a China.

Os representantes dos licitadores, os governos dos países do Pacífico envolvidos, o Departamento de Estado e o Departamento do Comércio norte-americanos, não ofereceram resposta imediata às questões apresentadas pela agência, mas um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China defendeu que todas as partes devem proporcionar um ambiente de negócios não discriminatório, do qual as empresas de todos os países, incluindo a China, possam participar.

"Por uma questão de princípio, quero sublinhar que as empresas chinesas sempre mantiveram um excelente registro em segurança cibernética. O governo chinês sempre incentivou as empresas chinesas a se engajarem em investimentos e cooperação externos de acordo com os princípios de mercado, regulamentos internacionais e leis locais", disse ele à Reuters.

Os EUA têm pressionado governos pelo mundo afora a rejeitar companhias chinesas, particularmente a Huawei, de licitações, o que permitiria que ganhassem cota de mercado em diferentes países. 

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