Cemitério de escravos africanos do século XVIII é encontrado em antiga plantação do Caribe (FOTOS)

Cemitério descoberto em uma antiga plantação de açúcar conhecida como Golden Rock, na ilha caribenha de Santo Eustáquio, município especial dos Países Baixos, pode revelar detalhes até então desconhecidos da vida de africanos escravizados no século XVIII.
Sputnik

Um cemitério do século XVIII foi descoberto em uma antiga plantação de açúcar conhecida como Golden Rock, na ilha caribenha de Santo Eustáquio, município especial dos Países Baixos. Os arqueólogos disseram, na segunda-feira (31), que provavelmente contém os restos mortais de africanos e pode fornecer um tesouro de informações sobre a vida de pessoas escravizadas.

Autoridades do governo relataram que 48 esqueletos foram encontrados no local até agora, a maioria deles de homens, mas também algumas mulheres e crianças. Alexandre Hinton, diretor do Centro de Pesquisa Arqueológica de Santo Eustáquio, disse que muitos outros restos mortais devem estar nas sepulturas da antiga plantação de Golden Rock.

"Estamos prevendo que o número de indivíduos enterrados aqui ultrapassará o local do cemitério descoberto em Newton Plantation em Barbados, onde 104 africanos escravizados foram escavados. Este é um dos maiores locais do gênero já descobertos no Caribe", contou ela à AP News.

As autoridades disseram que o local foi encontrado enquanto arqueólogos verificavam uma área necessária para a expansão de um aeroporto.

Cemitério de escravos africanos do século XVIII é encontrado em antiga plantação do Caribe (FOTOS)
"Sabíamos que o potencial para descobertas arqueológicas nesta área era alto, mas este cemitério supera todas as expectativas", entusiasmou-se Hinton.

Dada a localização perto da antiga plantação, os pesquisadores acreditam que os ossos são de africanos escravizados.

"Até o momento, encontramos dois indivíduos com modificações dentais que são um costume da África Ocidental. Normalmente os proprietários de plantações não permitiam que escravos fizessem isso. Esses indivíduos são, portanto, provavelmente pessoas escravizadas de primeira geração que foram enviadas para Santo Eustáquio", explicou.

A maioria dos túmulos contém restos de caixões, pregos de caixão e objetos que foram enterrados com o falecido, como vários cachimbos intactos, contas e pratos de cerâmica. Uma moeda de 1737 representando o rei George II da Inglaterra foi encontrada repousando sobre a tampa de um caixão.

Cemitério de escravos africanos do século XVIII é encontrado em antiga plantação do Caribe (FOTOS)

Especialistas em várias universidades ao redor do mundo vão analisar os restos mortais para aprender mais sobre a vida dos indivíduos enterrados. Hinton disse que a Universidade de Leiden, nos Países Baixos, conduzirá "análises de isótopos estáveis" para determinar as dietas das pessoas e também se elas nasceram na ilha. Harvard fará análises de DNA para descobrir de onde as pessoas vieram, e a Universidade Northumbria, da Inglaterra, fará estudos de proteínas para descobrir quais doenças elas podem ter sofrido.

História da ilha 

Um dos resultados mais importantes da pesquisa será uma compreensão mais completa da vida dos escravos no Caribe. Muito do que se sabe sobre suas vidas vem de escritos de pessoas brancas no poder, como administradores coloniais e proprietários de plantações, fontes que podem ser tendenciosas ou incompletas.

Santo Eustáquio, que fica na parte nordeste do Caribe, foi colonizado pelos holandeses em 1636 e se tornou um importante porto de trânsito para o comércio regional de açúcar e escravos da África Ocidental.

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