Líderes da UE pedem investigação sobre pouso 'inaceitável' de avião da Ryanair em Minsk

O Conselho Europeu exigiu que as autoridades de Belarus libertem imediatamente o jornalista Roman Protasevich e convocou a Organização de Aviação Civil Internacional (OACI) a investigar o pouso "sem precedentes" do avião da Ryanair na capital bielorrussa.
Sputnik

"O Conselho Europeu condena energicamente o pouso forçado do voo da Ryanair em Minsk, Belarus, em 23 de maio de 2021, ameaçando a segurança aérea, e a detenção por parte das autoridades bielorrussas do jornalista Raman Protasevich e [sua companheira] Sofia Sapega", diz um comunicado do órgão da União Europeia.

Conclusões sobre Belarus adotadas pela reunião do Conselho Europeu presidida por Charles Michel.

Os presentes na reunião do Conselho também exigiram a libertação imediata de Protasevich e Sapega, e pediram que a OACI realize uma investigação sobre o incidente, que classificaram de "sem precedentes e inaceitável".

Além disso, o Conselho pediu que o espaço aéreo da UE fosse fechado para aeronaves bielorrussas, assim como os aeroportos dentro do território da UE, e que os voos dos países do bloco evitassem sobrevoar o espaço aéreo bielorrusso.

O Conselho Europeu "pede às empresas de transporte baseadas na UE que evitem os voos sobre Belarus" e exige "a adoção de medidas necessárias para proibir a entrada no espaço aéreo da UE das companhias bielorrussas e impedir o acesso aos aeroportos da UE para os voos operados por essas companhias", diz a nota.

O órgão, que é composto pelos chefes de Estado ou de governo dos países-membros, e pelos presidentes da Comissão Europeia e do próprio Conselho Europeu, também solicitou a elaboração de "uma lista adicional de pessoas e entidades" para que sejam apresentadas sanções econômicas específicas.

IATA quer investigação completa sobre incidente da Ryanair

Por sua vez, a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês) afirmou hoje (24) que também deseja uma investigação completa sobre o incidente envolvendo o avião da Ryanair em Minsk.

O diretor-geral da IATA, Willie Walsh, disse nesta segunda-feira (24) em comunicado que a organização condena nos mais duros termos "qualquer interferência ou pedido para aterrissagem" de voos comerciais civis, que não tenham base no direito internacional, e ressaltou a necessidade de uma investigação competente.

Condenamos energicamente qualquer interferência ou requisito para aterrissagem de operações de aviação civil que são inconsistentes com as regras do direito internacional. Os detalhes do evento com o voo FR 4978 não estão claros e é necessária uma investigação completa por parte das autoridades internacionais competentes.

Assim como o Conselho Europeu, o governo do Reino Unido também solicitou à Organização de Aviação Civil Internacional (OACI) que analise o incidente em que as autoridades bielorrussas detiveram o jornalista a bordo do avião da Ryanair.

A OACI está bastante preocupada com o pouso aparentemente forçado de um voo da Ryanair e seus passageiros, o que poderia representar uma contravenção da Convenção de Chicago. Gostaríamos de receber mais informações confirmadas oficialmente pelos países e operadores envolvidos.

Por sua vez, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse que o seu país pediu uma investigação completa sobre o incidente da Ryanair e garantiu que está trabalhando na questão em estreita colaboração com a União Europeia.

Mais cedo nesta segunda-feira (24), o Ministério do Transporte de Belarus disse à Sputnik que Minsk planeja notificar a OACI e a IATA de sua disposição para investigar a aterrissagem de emergência do avião da Ryanair em um futuro próximo.

Além disso, o chanceler Vladimir Makei afirmou hoje (24) que Belarus está pronto para receber especialistas internacionais.

MRE da Alemanha convoca embaixador de Belarus em Berlim

O embaixador de Belarus em Berlim, Denis Sidorenko, foi convocado hoje (24) para comparecer ao Ministério das Relações Exteriores da Alemanha por causa do incidente envolvendo o avião da Ryanair em Minsk.

"Necessitamos de clareza sobre o que aconteceu realmente ontem [23] a bordo [do avião] e no terreno; e necessitamos de clareza no que diz respeito ao bem-estar de Roman Protasevich e de sua companheira, que devem ser libertados imediatamente; por isso, nesta tarde convocamos o embaixador de Belarus ao Ministério das Relações Exteriores", diz um comunicado do MRE alemão.

O ministério germânico acrescentou que "as declarações anteriores do governo bielorrusso sobre o pouso forçado do avião da Ryanair em Minsk são absurdas e não são dignas de crédito".

Por sua vez, o secretário de Estado da Alemanha, Miguel Berger, informou através do Twitter que manifestou a Sidorenko "um protesto contra a interceptação forçada do avião civil e o sequestro de Roman Protasevich e sua companheira".

O caso Ryanair​

Ontem (23), o avião que fazia a rota entre Atenas, na Grécia, e Vilnius, na Lituânia, teve que fazer um pouso de emergência em Minsk devido a uma ameaça de bomba, que pouco depois foi confirmada como falsa.

Roman Protasevich, fundador de um canal de Telegram que Minsk classifica de extremista, estava a bordo do avião e foi detido durante a parada da aeronave na capital bielorrussa.

Segundo as autoridades bielorrussas, Protasevich pode ser condenado a até 15 anos de prisão por organizar distúrbios massivos no país, além de outras acusações.

A transcrição das conversas entre os controladores de tráfico aéreo bielorrussos e os pilotos da Ryanair mostra que não houve pressão sobre a tripulação para decidir pelo pouso de emergência, segundo afirmou hoje (24) o diretor do Departamento de Aviação do Ministério dos Transportes de Belarus, Artyom Sikorsky.

Além disso, Sikorsky assinalou que os controladores de tráfico aéreo agiram de acordo com os padrões internacionais e acrescentou que os relatos sobre supostas ameaças de mísseis ar-ar contra a aeronave não eram corretos.

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