'Praga marciana': trazer amostras de Marte poderia causar pandemia devastadora, alertam cientistas

Enquanto o rover Perseverance passeia por Marte analisando a geologia e tirando selfies do planeta com ajuda do helicóptero Ingenuity, os pesquisadores na Terra estão ansiosos para receber e analisar as primeiras amostras do solo marciano.
Sputnik

Um grupo de entusiastas do Comitê Internacional Contra o Retorno de Amostras de Marte (ICAMSR, na sigla em inglês) não acha muito empolgante a ideia de trazer rochas da superfície do Planeta Vermelho.

Eles sugerem enormes riscos que estas amostras portadoras de vida podem representar para o nosso planeta, incluindo uma imensa "praga marciana".

A NASA e Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) estão trabalhando na Campanha de Retorno de Amostras de Marte em uma missão para trazer à Terra amostras tão aguardadas de rochas e solo marciano para examiná-los detalhadamente.

Os cientistas planejam lançar em 2026 um módulo de pouso para recolher as amostras coletadas pelo rover Perseverance, que pousou no Planeta Vermelho em fevereiro deste ano. Se tudo correr como esperado, as amostras de solo marciano, com possíveis microrganismos, podem na próxima década chegar ao nosso planeta.

'Praga marciana': trazer amostras de Marte poderia causar pandemia devastadora, alertam cientistas

De acordo com a NASA, "enviar amostras prístinas de Marte à Terra tem sido uma meta para gerações de cientistas planetários".

No entanto, doutor Gilbert Levin não se mostra muito entusiasmado com essa ideia. O engenheiro que estudou o programa Viking da NASA, que decorreu de 1975 a 1983, afirmou ao tabloide Daily Star que há uma "chance real" de Marte ser habitado por formas de vida que seriam vazadas para a Terra e que poderiam causar uma nova e devastadora pandemia da qual não temos defesa nenhuma.

"Eu receio, mesmo que um contêiner do Retorno de Amostras de Marte possa ser feito e trazido para a Terra, existe uma boa oportunidade de que parte da amostra escape do laboratório 'seguro' onde o recipiente seria aberto", observou Levin.

Entusiastas do ICAMSR expressam uma advertência semelhante, citando o lendário astrônomo Carl Sagan, que alertou sobre as consequências do transporte de amostras em seu livro de 1973.

"Precisamente porque Marte é um ambiente de um potencial grande interesse biológico, sendo possível que em Marte existam patógenos, organismos que, se transportados para o ambiente terrestre, podem causar enormes danos biológicos […] uma praga marciana."

ESA afirma que não há qualquer necessidade urgente de levar as amostras diretamente para laboratórios terrestres.

"Deixar as amostras em uma órbita estável de Marte é uma das algumas estratégias alternativas que são possíveis depois de as amostras serem lançadas da superfície marciana", avançou agência.

Mas, no fim das contas, apenas os laboratórios na Terra têm equipamento sofisticado para realizar todos os testes necessários que permitiriam tirar conclusões sobre a geologia e a história do Planeta Vermelho, que é o objetivo principal da Missão Marte 2020.

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