Petroleira Total confirma suspensão de tarefas em projeto de gás em Moçambique após ataque jihadista

Na semana passada, a Confederação das Associações Econômicas de Moçambique havia dito que a Total suspendera contratos com uma série de empresas indiretamente envolvidas no projeto de gás.
Sputnik

A gigante francesa de energia Total confirmou nesta segunda-feira (26) que está suspendendo os trabalhos em um enorme projeto de gás de US$ 20 bilhões (aproximadamente R$ 109 bilhões) no norte de Moçambique após o último ataque jihadista a uma cidade próxima ao empreendimento no mês passado.

"Considerando a evolução da situação de segurança [...] a Total confirma a retirada de todo o pessoal do projeto Mozambique LNG do local de Afungi", afirmou a empresa em comunicado citado pela agência AFP.

A Total acrescentou que "esta situação" leva a empresa "a declarar força maior" fora de seu controle, um conceito jurídico que significa que pode suspender o cumprimento de obrigações contratuais.

"A Total expressa a sua solidariedade para com o governo e povo de Moçambique e deseja que as ações desenvolvidas" pelo país e parceiros "permitam o restabelecimento da segurança e estabilidade […] de forma sustentada", conclui o comunicado.

Na semana passada, a Confederação das Associações Econômicas de Moçambique afirmou que a Total tinha suspendido contratos com uma série de empresas indiretamente envolvidas no projeto de gás.

O presidente da confederação, Agostinho Vuma, disse na ocasião que a Total havia garantido que o projeto de gás seria retomado "assim que for seguro", embora a própria empresa de energia tenha se recusado a comentar.

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Ataque jihadista

Grupo armado atacou em 24 de março a cidade de Palma, no norte de Moçambique, o centro urbano mais próximo de empreendimentos do setor de gás no país, avaliados em US$ 60 bilhões (R$ 328 bilhões).

As ações do grupo, que afirma ter vínculos com o Daesh (também conhecido como Estado Islâmico e proibido na Rússia e em outros países), aumentaram no ano passado, quando os insurgentes começaram a enfrentar o Exército de Moçambique para tomar cidades inteiras.

O ataque a Palma ocorreu a apenas dez quilômetros do centro nervoso do projeto de gás da Total, apesar do compromisso do governo de estabelecer um raio de segurança de 25 quilômetros ao redor do local. Dezenas foram mortos no ataque, de acordo com as contas do governo provisório.

Centenas de outras pessoas, incluindo muitos trabalhadores estrangeiros, foram evacuadas por ar e mar, enquanto milhares de habitantes locais caminharam para distritos próximos.

Rico em gás, Cabo Delgado tem sido castigado por uma sangrenta insurgência jihadista desde 2017. A violência matou pelo menos 2.600 pessoas e deslocou quase 700.000, levantando dúvidas sobre a viabilidade do maior investimento individual na África, mesmo antes do último ataque.

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