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Empresário desacredita 'promessa de investimentos' do ministro de Minas e Energia do Brasil

Com as privatizações a todo vapor no Brasil, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou que o setor energético terá investimentos de R$ 3 trilhões até 2030. Para especialista ouvido pela Sputnik, o "cenário não é tão positivo" como afirma o ministro.
Sputnik

Ao falar em entrevista à Agência Brasil sobre o aporte trilionário que o Brasil deve receber até 2030 no setor de eletricidade, o ministro de Minas e Energia fez questão de enaltecer o viés liberal da economia brasileira: apenas em 2021, serão seis leilões só de energia elétrica, de petróleo e de gás. "É importante para dar previsibilidade para o mercado", afirmou.

Confiante, ele explicou esses investimentos ocorrem porque o Brasil tem atratividade, diversidade de fontes de energia e segurança jurídica e regulatória. "Isso é extremamente importante para atrair investimentos privados", avaliou o ministro, que em seguida confirmou que "centenas de bilhões de reais nos últimos dois anos" foram investidos. 

Diante da possibilidade do ingresso de recursos em uma economia combalida, surge o questionamento sobre onde, e como, este dinheiro poderia ser investido no setor de energia. Para o economista e empresário Ricardo Gennari, proprietário da Troia Intelligence, entrevistado pela Sputnik Brasil, não há razão para crer na confiança do ministro Bento Albuquerque. Em sua avaliação, o dinheiro das privatizações do setor elétrico servirá para combater a COVID-19.

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O país da energia renovável

Ricardo Gennari entende que o ministro Bento Albuquerque conta com as arrecadações oriundas das privatizações que o governo ainda planeja fazer, mas, em sua opinião, o ministério da Economia não disponibilizaria este dinheiro para investimentos em energia renovável.

Segundo ele, "os recursos do Estado estão sendo disponibilizados para os custos da pandemia, pagamento de dívidas obrigatórias e atendimento às verbas parlamentares. O país tem diversos problemas para investimento como: riscos fiscais, insegurança jurídica, crise política e da pandemia".

Ricardo Gennari ainda afirmou que não acredita que o Brasil possa chegar ao ano de 2030 como um dos maiores produtores de energia limpa. Neste sentido, ele diverge do ministro Bento Albuquerque. Para o governo, o Brasil é uma referência no mercado internacional de energia.

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Segundo Bento Albuquerque, 83% da energia brasileira é renovável e, se for considerada a energia limpa, o índice sobe para 85%. No mundo, a média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é 25%.

O economista ouvido pela Sputnik Brasil entende que o país tem um "potencial de produção de energia limpa, como a eólica e solar", mas criticou o que chamou de projeto de "taxar o Sol", em alusão a uma das dificuldades criadas no Congresso para o uso da energia solar.

"Sim, investimentos na energia fóssil podem aumentar, mas o mundo está indo no sentido contrário, buscando a energia limpa. O Brasil, infelizmente, está anos atrasado em investimentos de energia limpa", afirmou.
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Os R$ 40 bilhões na mineração

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, na mesma entrevista em que anunciou o aporte trilionário no Brasil, também confirmou que cerca de US$ 40 bilhões (R$ 221,8 bilhões) serão investidos nos próximos quatro anos na mineração.

O ministro falou sobre o grande "potencial que o Brasil tem", e disse que "o minério de ferro é o segundo item [da pauta de exportações], só sendo superado pelo agronegócio. A mineração traz muito investimentos" para o país, enfatizou.

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Questionado sobre as metas do governo para a mineração, o economista fez críticas: "A exportação [de minério] está nas mãos das empresas privadas. O governo não controla a produção e a exportação. Veja o caso do nióbio. Estas somas em dinheiro que o ministro cita, não há como confirmar, já que os investimentos são da iniciativa privada".

Ele disse que, "mais uma vez, o governo não tem recursos para investimentos e para a inovação. Se depender do Congresso Nacional, nada sai a curto prazo e médio prazo", criticou.

Em seu entendimento, o Brasil goza de confiança no mercado internacional porque as commodities do agronegócio e os minérios "estão em alta e trazendo dividendos para o Brasil". Ele ressaltou que, por outro, por insegurança no país, os agentes econômicos e investidores estão deixando seus recursos no exterior".

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Em seguida, ele explicou: "O que isso significa? Falta de confiança no Brasil. Por que o dólar não baixa? Simples: falta de confiança, riscos fiscais elevados, inflação, insegurança jurídica, crises políticas e sanitárias. Como o Brasil não tem mais indústria, vivemos de commodities e serviços. O lucro está indo para as matrizes das grandes corporações internacionais. Infelizmente, o meu cenário não é tão positivo como do ministro Bento Albuquerque", concluiu.
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