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Vacinas da Pfizer no Brasil: especialista aponta o que muda no processo de imunização

Para infectologista, a chegada do primeiro lote de vacinas da Pfizer no país deverá não só acelerar o processo de imunização, mas também alterar a distribuição de imunizantes devido à dificuldade de estocagem de doses da farmacêutica norte-americana.
Sputnik

O Ministério da Saúde anunciou, na última quarta-feira (14), que o Brasil receberá 15,5 milhões de doses da vacina da Pfizer/BioNTech contra a COVID-19 até junho. Desse montante, um milhão deverá chegar ainda em abril, de acordo com a pasta.

O contrato do governo federal com a farmacêutica norte-americana é de 100 milhões de doses do imunizante. Portanto, ao longo do ano, ainda poderão desembarcar no país mais 84,5 milhões de vacinas.

Segundo o médico infectologista Marcos Junqueira do Lago, professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a chegada do imunizante alterará o cronograma do ministério na distribuição de vacinas.

Isso porque o imunizante da Pfizer tem uma necessidade de estocagem mais complexa e em temperaturas mais baixas. Conforme divulgado pela fabricante em fevereiro deste ano, sua vacina pode ser armazenada entre -25ºC e -15ºC por até duas semanas.

Vacinas da Pfizer no Brasil: especialista aponta o que muda no processo de imunização

Até então, a farmacêutica dizia que as doses só poderiam ser armazenadas em freezers de ultracongelamento, entre - 80ºC e - 60ºC. Neste caso, a validade seria de até seis meses.

Outra opção é estocar as doses em temperaturas normais de refrigeração (2ºC a 8ºC), desde que sejam utilizadas em até cinco dias.

"A gente tem condição de fazer isso distribuindo essas vacinas preferencialmente em grandes centros, onde a estrutura de estocagem e aplicação pode ser feita com maior rigor", indicou o infectologista em entrevista à Sputnik Brasil.

Ao lado da Moderna, o imunizante da Pfizer, produzido em parceria com a BioNTech, é um dos que apresentam maior eficácia.

Segundo dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), divulgados no dia 29 de março, a eficiência dos imunizantes é de 90% após duas semanas da aplicação da segunda dose. Além disso, a proteção já chega a 80% depois do mesmo período da primeira injeção.

"São vacinas extremamente eficazes, que têm resposta imunológica excelente. Então, com certeza vai nos ajudar muito", ressaltou o especialista.

Vacinação termina em 2021 no Brasil?

Até esta quinta-feira (15), o Brasil tem 25.460.098 de vacinados com a primeira dose e 8.558.567 com a segunda. A quantidade corresponde a 12,02% e 4,04% da população brasileira, respectivamente.

As duas vacinas usadas até o momento são a CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e fabricada no Brasil pelo Instituto Butantan, e a da Oxford/AstraZeneca, produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a Universidade de Oxford.

Marcos Junqueira do Lago diz que tem, ao mesmo tempo, uma posição realista e otimista em relação ao processo de imunização.

Vacinas da Pfizer no Brasil: especialista aponta o que muda no processo de imunização

Para o infectologista, é possível o país concluir a vacinação em todos os adultos até o final de 2021 e virar o ano com a pandemia "totalmente controlada".

"O que nos falta, de fato, é quantidade de doses para a gente imunizar toda a população elegível. A chegada das 100 milhões de doses da vacina da Pfizer, mesmo que seja ao longo do ano, vai nos ajudar muito a poder aplicar vacina em toda a população", afirmou.

Outros imunizantes

Além da CoronaVac e dos imunizantes da AstraZeneca e da Pfizer, o Brasil ainda negocia a compra de outras vacinas. Uma delas é a russa Sputnik V, que ainda precisa da aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

"O Brasil tem muita experiência em aplicação de vacina, uma estrutura no país inteiro, nas grandes e pequenas cidades. Por isso, acho que, tão logo as vacinas cheguem, conseguiremos imunizar a população com bastante rapidez", disse Lago.
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De acordo com o especialista, para que o processo seja eficiente, a distribuição deve ocorrer por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Assim, o país consegue ter uma única orientação do governo central para estados e municípios, como já ocorre em campanhas de vacina contra a gripe.

"Nós sabemos o caminho a seguir e temos experiência. Basta que o governo brasileiro faça seu dever de casa com a chegada das vacinas", afirmou.
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