Senador Graham: retirada de tropas dos EUA do Afeganistão 'prepara caminho' para novo 11 de setembro

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que as tropas do país presentes no Afeganistão deixarão Cabul antes do 20º aniversário dos ataques de 11 de setembro, e a retirada começa já em 1º de maio.
Sputnik

O senador republicano Lindsey Graham advertiu que o compromisso do presidente democrata Joe Biden de retirar totalmente as tropas norte-americanas do Afeganistão até 11 de setembro de 2021 está "preparando o caminho" para outro 11 de setembro", em referência ao ataque terrorista mais mortífero da história, perpetrado pela Al-Qaeda (grupo terrorista proibido na Rússia e em outros países) em Nova York, EUA.

"Com todo o respeito ao presidente Biden, você não acabou com a guerra, você a estendeu. Você a tornou maior, não menor", disse o senador dos EUA pela Carolina do Sul durante uma entrevista coletiva no Capitólio.

O senador republicano, que atuou durante a Guerra do Golfo (1990-91) e serviu na Guerra do Afeganistão durante o recesso do Senado norte-americano de agosto de 2009, apontou o exemplo manifesto dos acontecimentos que se seguiram à retirada total das tropas do Iraque em 2011.

Senador Lindsey Graham sobre a retirada das tropas do Afeganistão: "O presidente Biden, infelizmente, escolheu a opção de maior risco disponível, que é partir de qualquer maneira".

O político republicano acrescentou que o presidente norte-americano está facilitando a ascensão do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em muitos outros países) na região.

"Ele [Biden] está colocando o Afeganistão em um caminho para se deteriorar rapidamente e para o inimigo, o Islã radical, se reconstituir. Tudo pode ser evitado com um compromisso mínimo em comparação com o passado", afirmou Graham.

Retirada dos EUA do Afeganistão

Biden declarou nesta quarta-feira (14) que os EUA devem iniciar a retirada final do Afeganistão a partir de 1º de maio. O presidente norte-americano Biden disse que as razões para permanecer no Afeganistão "se tornaram cada vez mais obscuras" e que os EUA "cumpriram" seu objetivo no país.

"As tropas dos EUA, bem como as forças desdobradas por nossos aliados e parceiros operacionais da OTAN, estarão fora do Afeganistão antes de marcarmos o 20º aniversário do ataque hediondo de 11 de setembro, mas não tiraremos nossos olhos da ameaça terrorista", afirmou Biden.

Biden também pediu a outros países, especialmente o Paquistão, mas também China, Índia, Rússia e Turquia, que façam mais para apoiar o Afeganistão.

Senador Graham: retirada de tropas dos EUA do Afeganistão 'prepara caminho' para novo 11 de setembro

O ex-presidente norte-americano, o republicano Donald Trump, chegou a um acordo com o movimento Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e demais países) em 2020, estabelecendo a retirada de tropas em 1º maio de 2021, em troca da promessa dos insurgentes de não apoiar a Al-Qaeda ou outras organizações extremistas.

Retirada de outros países

O Reino Unido, que conta com cerca de 750 soldados no Afeganistão, anunciou na quarta-feira (14) que retirará quase todos os seus homens de Cabul. Além disso, o Reino Unido planeja devolver ao governo do Afeganistão o controle da Academia Militar de Cabul, onde soldados britânicos treinam militares afegãos.

Nesta quinta-feira (15), a Austrália comunicou a retirada de suas tropas do país até setembro. A contribuição da Austrália para a missão contou com até 15 mil pessoas, mas atualmente apenas 80 permanecem no Afeganistão.

"Em linha com os EUA e outros aliados e parceiros, as últimas tropas australianas restantes partirão do Afeganistão em setembro [...]. A decisão representa um marco significativo na história militar da Austrália", afirmou o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, citado pela agência Associated Press.

Reação do Talibã

Comentando as declarações de Biden, o Talibã reiterou na quarta-feira (14) que queria que todas as forças estrangeiras deixassem o Afeganistão "na data especificada no Acordo de Doha", celebrado em 29 de fevereiro.

No Twitter, o porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, alertou contra a violação do acordo.

​Se o acordo for violado e as forças estrangeiras não conseguirem sair de nosso país na data especificada [1º de maio], os problemas certamente se agravarão e aqueles que não cumprirem o acordo serão responsabilizados.

O presidente Biden advertiu o Talibã que se "eles nos atacarem enquanto nos afastamos, defenderemos a nós mesmos e a nossos parceiros com todas as ferramentas à nossa disposição".

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