Na França, fracasso da Lei do Clima coloca Macron como impostor, diz jornal

A Lei para o Clima e Resiliência, enviada nesta semana pelo governo da França para apreciação do Parlamento, é apontada por cientistas e entidades como insuficiente para colocar o país rumo à transição ecológica.
Sputnik

Em meio aos problemas da COVID-19 na França, que precisou entrar novo lockdown nesta semana, o presidente Emmanuel Macron enfrenta forte oposição de ambientalistas e ecologistas em função dos problemas com a sua Lei sobre o Clima.

Instituições independentes e do próprio governo analisaram os 69 artigos do projeto e concluíram que as propostas não serão suficientes para a França cortar 40% das emissões de gases de efeito estufa até 2030. Os especialistas acham improvável que o país atinja a neutralidade carbono em 2050, como se comprometeu.

O governo de Emmanuel Macron país conseguiu reduzir em 1% ao ano as emissões de carbono, mas deveria triplicar o índice para conseguir cumprir as promessas, escreve a Rádio França Internacional.

A Lei do Clima foi um projeto que nasceu do governo de Macron com grandes ambições. Ela direcionaria o país para uma economia sustentável em torno de cinco eixos: transportes, alimentação, consumo, produção e trabalho. O governo francês alega que o texto final inclui medidas eficazes e aceitáveis no contexto atual.

Porém, os ambientalistas indicam que, em meio a uma crise causada pelo coronavírus, Macron cedeu às pressões que sustentam a indústria francesa, como a automobilística, aeronáutica e alimentícia. Entre estas, o temor é de que a nova lei possa afetar a recuperação econômica francesa pós-pandemia.

A Lei do Clima na França

Importante lembrar que a Lei do Clima, que era para ser um movimento histórico dentro da Europa, se tornou uma armadilha para o governo francês. No início do mandato, Macron organizou um plenário inédito de discussão sobre o assunto, a Convenção Cidadã sobre o Clima.

Foram sorteados 150 cidadãos no país inteiro para participar e elaborar propostas da nova lei ambiental, em vigor pelos próximos dez anos. O problema é que a maioria das 149 recomendações foram consideradas ambiciosas demais pelo governo.

O projeto de lei atual contempla quase a metade das sugestões. Porém, de alguma forma, parte substancial do projeto idealizado pela sociedade civil foi subtraído. Foram banidas, por exemplo, as ideias de regulação da publicidade dos poluentes e incentivos para a mobilidade sustentável.

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