Pela 1ª vez desde a Guerra Fria, número de ogivas nucleares no Reino Unido vai aumentar, diz mídia

A revisão integrada de Defesa e política externa por parte do governo britânico é esperada para esta semana e deve sinalizar um aumento potencial do número de ogivas nucleares.
Sputnik

O limite máximo para o número de ogivas nucleares no Reino Unido, atualmente fixado em 180, deve aumentar, embora o novo número ainda não seja conhecido, em um movimento que analistas disseram ter sido diplomaticamente provocativo. A informação foi confirmada ao jornal The Guardian por fontes ligadas ao governo.

O estoque de armas nucleares do Reino Unido atingiu o pico no final da década de 1970: cerca de 500 ogivas. Mas o volume tem diminuído gradualmente desde então, à medida que a percepção da ameaça da União Soviética, e agora da Rússia, foi diminuindo.

De acordo com a mídia, a última revisão de defesa estratégica, em 2015, comprometeu o Reino Unido a "reduzir o estoque geral de armas nucleares para não mais de 180 ogivas" em meados da década de 2020, e a reduzir o número de ogivas disponíveis operacionalmente para 120.

Estima-se que cada ogiva tenha um poder explosivo de aproximadamente 100 quilotons. A bomba atômica Little Boy, que os EUA lançaram sobre a cidade japonesa de Hiroshima durante a Segunda Guerra Mundial tinha cerca de 15 quilotons.

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Movimento provocativo

Os detalhes que levaram a essa mudança na política nuclear ainda não estão claros, mas a movimentação ocorre em meio a especulações de que tem o objetivo de ajudar a persuadir os EUA a cofinanciar aspectos de uma ogiva de substituição Trident para os anos 2030. Seus custos também são incertos.

"Se isso for confirmado, será um movimento altamente provocativo […]. O Reino Unido tem repetidamente apontado a redução do estoque de ogivas como prova de que está cumprindo suas obrigações legais sob o tratado de não proliferação nuclear. Se eles estão rasgando décadas de progresso na redução no número [de ogivas], será um tapa na cara dos 190 outros membros do tratado, e será considerado uma chocante violação de fé", afirmou David Cullen, diretor do Serviço de Informações Nucleares, sediado no Reino Unido.

O Reino Unido opera suas próprias armas nucleares desde a década de 1950, mas nos últimos 60 anos, após um acordo entre o então primeiro-ministro Harold Macmillan (1957-1966) e o então presidente dos EUA, John F. Kennedy (1961-1963), Londres tem dependido fortemente da tecnologia norte-americana.

Nova geração de ogivas

Os mísseis balísticos Trident são implantados em quatro submarinos, um dos quais está continuamente no mar para garantir que possa contra-atacar no caso de um ataque nuclear não provocado. O Trident britânico é carregado com uma ogiva W76, de origem norte-americana, resultado de um projeto Holbrook dos anos 1970.

A ogiva nuclear W76 é considerada datada pelos EUA, que propuseram o desenvolvimento de um substituto mais poderoso: W93. O Reino Unido está particularmente interessado nas ogivas W93, tanto que em agosto o Pentágono divulgou planos do Reino Unido de comprar essa nova geração de ogivas nucleares para seu sistema submarino de mísseis Trident.

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"O Reino Unido está empenhado em manter sua dissuasão nuclear independente, que existe para deter as ameaças mais extremas à nossa segurança nacional e modo de vida […]. Substituir a ogiva e construir quatro novos submarinos da classe Dreadnought são programas soberanos do Reino Unido que manterão o impedimento no futuro. Não vamos comentar as especulações sobre a revisão integrada, que será publicada na terça-feira [16]", afirmou um porta-voz do Ministério da Defesa do Reino Unido.

Atualmente, o sistema britânico de mísseis Trident é baseado em quatro submarinos nucleares com oito mísseis cada, que operam a partir da base naval de Clyde, na Escócia, e foram adquiridos em 1980.

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