Blinken pede 'investigação independente' para o fim da 'limpeza étnica' em Tigré

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, usou a expressão "limpeza étnica" nesta quarta-feira (10) para se referir à violência na região de Tigré, na Etiópia.
Sputnik

Falando no Congresso, Blinken disse que queria que a região contasse com forças de segurança "que não abusassem dos direitos humanos do povo de Tigré nem cometessem atos de limpeza étnica que vimos no oeste de Tigré".

"Isso tem que parar. [...] Precisamos fazer uma investigação independente sobre o que aconteceu lá, e precisamos de algum tipo de processo, um processo de reconciliação para que o país possa avançar politicamente", disse Blinken, em resposta a uma pergunta do Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos EUA.

Vários relatos de moradores locais dão conta de violência cometida por tropas da Eritreia em Tigré. O país, no entanto, nega presença militar ou responsabilidade nos massacres na região norte da Etiópia.

Blinken pede 'investigação independente' para o fim da 'limpeza étnica' em Tigré

Um correspondente da agência AFP visitou recentemente o vilarejo de Dengolat, na Etiópia, onde moradores relataram um massacre cometido por soldados usando uniformes militares e falando um dialeto da Eritreia do idioma da região.

O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, ganhador do Prêmio Nobel da Paz, lançou uma campanha militar em novembro depois de culpar o partido governante da região, a Frente Popular para a Libertação de Tigré (FLPT), pelos ataques a acampamentos do exército.

"Eu entendo muito bem as preocupações, por exemplo, que o primeiro-ministro tenha sobre a FLPT e suas ações, mas a situação em Tigré hoje é inaceitável e precisa mudar. Temos, como você sabe, forças da Eritreia lá, e temos forças de uma região próxima, Amhara, que estão lá. Eles precisam sair", disse Blinken.

Conflito em Tigré

Em 4 de novembro, a Etiópia se tornou palco de um conflito armado na região de Tigré, ao norte do país, quando o premiê etíope Abiy Ahmed anunciou o início de uma operação militar após desentendimentos políticos com as autoridades do local.

Em 28 de novembro, tropas etíopes anunciaram ter tomado a capital de Tigré, Mekelle, ao passo que notícias da continuação da violência são difundidas.

O conflito acabou gerando uma onda de refugiados, enquanto a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, afirmou que a situação estava "saindo do controle com um impacto insuportável" sobre a população civil.

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