Hackers chineses teriam causado apagão em Mumbai como alerta sobre Ladakh, afirma empresa dos EUA

Análise realizada por uma empresa norte-americana culpa Pequim por apagão que ocorreu em outubro de 2020 em Mumbai, capital financeira da Índia.
Sputnik

Um novo estudo realizado por uma empresa de segurança cibernética sediada nos EUA, a Recorded Future, traçou uma possível ligação entre a queda de energia que atingiu em outubro Mumbai, Índia, e o impasse militar entre Pequim e Nova Deli em Ladakh, indicando que o apagão poderia ter sido estrategicamente planejado para enviar uma mensagem à Índia para não forçar muito em suas reivindicações na fronteira.

"Dez organizações distintas do setor de energia da Índia […] responsáveis ​​pela operação da rede elétrica por meio do equilíbrio entre o fornecimento e a demanda de eletricidade, foram identificadas como alvos em uma campanha orquestrada contra a infraestrutura crítica da Índia. Outros alvos identificados incluíam dois portos", lê-se no comunicado da empresa norte-americana.

O apagão ocorreu em 13 outubro e deixou quase cinco milhões de residências em Mumbai sem energia elétrica após uma "falha técnica" em uma estação de energia, fazendo com que os serviços de trens suburbanos e as operações do mercado de ações parassem por várias horas.

Hackers chineses teriam causado apagão em Mumbai como alerta sobre Ladakh, afirma empresa dos EUA

A Recorded Future aponta o dedo para um malware desenvolvido pelo grupo de hackers chineses Red Echo. A empresa de segurança cibernética observa que notou "um grande aumento" na suspeita de atividade de intrusão direcionada contra organizações indianas por grupos patrocinados pelo Estado chinês ainda antes das relações entre Pequim e Nova Deli terem se agravado, em maior de 2020.

A Red Echo "tem sido vista como sistematicamente utilizando técnicas avançadas de intrusão cibernética para silenciosamente ganhar uma posição em quase uma dúzia de nós críticos em toda a geração de energia indiana e infraestrutura de transmissão", afirma Stuart Solomon, diretor de operações da Recorded Future, ao jornal The New York Times.

O malware da Red Echo não teria sido ativado na rede elétrica de Mumbai na época, afirma a empresa norte-americana, destacando que o código-fonte não pôde ser examinado devido à recusa das autoridades indianas em compartilhar informações sobre o incidente com a Recorded Future. Mas as descobertas vão ao encontro dos temores levantados pelo Departamento de Cibernética de Maharashtra, onde fica Mumbai, que atribuiu a falha de energia a hackers chineses. Nitin Raut, ministro da Energia de Maharashtra, disse, sem dar maiores detalhes, que a queda de energia havia sido o resultado de uma "sabotagem".

Conflito entre Índia e China

Vizinhos, China e Índia não têm uma fronteira marcada na região de Ladakh, sendo a separação de territórios estabelecida pela Linha de Controle Real, criada após a guerra de 1962 entre as nações. Desde então, vários conflitos fronteiriços ocorreram ao longo das décadas.

Em 2020, a situação no leste de Ladakh se agravou depois que aproximadamente 250 soldados chineses e indianos se enfrentaram na noite de 5 de maio na zona de Pangong Tso, deixando mais de 100 feridos em ambos os lados, confronto que só cessou após uma reunião entre os líderes locais.

Após meses de negociação, neste mês tiveram início as fases de desocupação parcial pelos chineses do território do lago Pangong Tso. O Exército indiano divulgou fotos e vídeos do desligamento da margem norte do lago, que mostra o Exército de Libertação Popular (ELP) da China desmontando as estruturas que estavam na zona desde abril de 2020.

Comentar