Desvendado enigma de inscrição na obra 'O Grito' de Edvard Munch

Uma frase escrita sobre uma das obras de arte mais conhecidas do mundo foi, durante um século, motivo de conjeturas e controvérsias entre os especialistas de arte em todo o mundo.
Sputnik

Uma análise com escâner infravermelho, realizada por especialistas da Galeria Nacional da Noruega, confirmou que a frase foi escrita pelo próprio artista de "O Grito", Edvard Munch, em sua primeira versão da famosa obra. Logo, não foi um ato de vandalismo, como vários especialistas de arte sugeriram.

"A sua escrita sempre foi visível a olho nu, mas muito difícil de interpretar. Através de um microscópio, pôde-se ver que as linhas do lápis [...] se aplicaram depois que a pintura foi finalizada", explicou Mai Britt Guleng, especialista do museu.

Com o objetivo de obter uma imagem mais clara, a obra de arte foi fotografada com uma câmera de feixes infravermelhos, fazendo com que o carbono dos traços do lápis se destacasse mais, facilitando sua análise posterior.

No final, a frase revelada foi: "Só poderia ter sido pintado por um louco".

Guleng contou que Munch se preocupava com a possibilidade de sofrer uma doença hereditária. "Tanto seu pai como seu avô padeciam do que seria, nesse tempo, conhecido como melancolia, e sua irmã, Laura Munch, foi internada no hospital psiquiátrico de Gaustad [Oslo, Noruega]".

Em outubro de 1895, Munch exibiu "O Grito" pela primeira vez, resultando não só em fortes críticas por parte do público, como também pelo questionamento de sua sanidade mental por seus colegas. Deste modo, o pintor teria escrito essas palavras em sua obra, que "podem ser lidas como um comentário irônico, mas ao mesmo tempo, como uma expressão da vulnerabilidade do artista", explicou o especialista.
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