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CPI da pandemia ainda não tem força para abalar Bolsonaro, diz especialista

Gestão da crise sanitária é "calcanhar de Aquiles" do presidente Jair Bolsonaro, mas pedido de CPI da pandemia no Senado não tem força suficiente para ameaçar governo, disse especialista à Sputnik Brasil.
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Nesta quinta-feira (4), grupo de 30 senadores atingiu assinaturas suficientes para solicitar abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar ações e possíveis omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus no Brasil. 

Iniciativa do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a lista tem a assinatura de parlamentares do MDB, entre eles do líder da bancada, Eduardo Braga (AM), PSDB, PT, PDT, PSL, PSB, PROS, Podemos e Cidadania. 

O cientista político Guilherme Carvalhido levanta a questão de que a "abertura desse processo depende muito" do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), recém-eleito para comandar a Casa legislativa. 

A instauração de uma CPI precisa receber o aval do parlamentar, que chegou ao cargo com o apoio do presidente Jair Bolsonaro. 

Segundo Carvalhido, Pacheco tem uma posição "mais neutra", o que foi demonstrado no seu "discurso de posse", quando "ele foi bastante elucidativo na questão do combate à pandemia" do coronavírus. 

Desconforto diante do governo?

O fato de ter recebido chancela do governo federal, e, ao mesmo tempo, lidar com a pressão para abrir a CPI, até coloca o senador do DEM em uma "situação desconfortável", embora "não inesperada", disse o cientista político. 

"Sim, ele está em uma situação complicada, mas isso não coloca ele em um desconforto diante do Executivo, até porque essa CPI não demonstra uma maioria", afirmou o professor da Universidade Veiga de Almeida. 

O especialista ressalta que o pedido reúne um "número significativo" de parlamentares, mas que não abrange nem metade da Casa, que é composta por 81 senadores. 

"Não é algo que leve à possibilidade de enfraquecimento político do governo Bolsonaro", afirmou.

Bolsonaro e Parlamento, relação 'frágil'

O cientista político diz ainda que a relação entre o Congresso e o presidente é "frágil" e, para ser mantida, depende da popularidade de Bolsonaro e de o presidente recompensar o apoio que ganhou dos parlamentares com "emendas" e "cargos". 

"Bolsonaro, de fato, abriu a negociação, oferecendo aos senadores e deputados emendas e cargos. Esses deputados, sim, estão esperando esse movimento. Mas, se o presidente não conseguir fazer esse movimento, o que é bem possível, e o pior, o presidente não estiver com uma relação de fortalecimento junto à opinião pública, esses senadores e deputados podem abandonar o presidente. Isso já aconteceu em alguns movimentos da história brasileira", disse Guilherme Carvalhido.
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