Restos adorados pelos cristãos não pertencem de verdade ao apóstolo Tiago, descobrem especialistas

Os arqueólogos revelaram que os restos, que durante séculos foram atribuídos a dois dos primeiros cristãos e apóstolos de Jesus, o apóstolo Filipe e o apóstolo Tiago, não são realmente deles.
Sputnik

O estudo com as conclusões referidas foi publicado na revista Heritage Science.

Como o cristianismo se tornou uma religião dominante no século VI, após o Imperador romano Constantino declarar a religião como sendo a oficial do Estado, foi iniciada a construção em grande escala de igrejas por todo o Império Romano, com os restos mortais dos primeiros mártires cristãos removidos de seus túmulos originais para locais designados de adoração em um processo denominado "traduções".

Os restos de dois apóstolos – Filipe e Tiago – não foram exceções, uma vez que se pensou terem sido transferidos para Roma na mesma época a fim de glorificar a igreja Santi Apostoli.

Restos adorados pelos cristãos não pertencem de verdade ao apóstolo Tiago, descobrem especialistas

São Tiago Maior, em particular, foi um dos 12 apóstolos discípulos de Jesus Cristo, de acordo com a Bíblia. Também conhecido como Tiago, ele foi considerado por alguns bibliologistas como o meio-irmão de Jesus (do casamento anterior de José) ou como sendo seu primo.

Os esqueletos estudados não são inteiros, apontam os cientistas, contando que os únicos fragmentos existentes são de uma tíbia, um fêmur e um pé mumificado. Até agora, a tíbia e o pé foram atribuídos ao apóstolo Filipe, enquanto o fêmur ao apóstolo Tiago.

Os cientistas, chefiados pelo professor de química e arqueometria da Universidade da Dinamarca do Sul, Kaare Lund Rasmussen, consideraram os restos do apóstolo Filipe muito desafiadores para realizar a datação de radiocarbono, sendo assim, sua idade permanece desconhecida.

Mas o fêmur, que supostamente teria pertencido a São Tiago, foi submetido a uma série de diferentes análises e testes. Através do método de radiocarbono, os restos foram datados entre 214 e 340 d.C..

"Então, a relíquia preservada, o fêmur, não é de São Tiago. Este origina de um indivíduo que é cerca de 160 a 240 anos mais jovem do que o apóstolo", explicou Rasmussen.

No entanto, o especialista adicionou que "embora a relíquia não seja de São Tiago, esta lança um lampejo raro de luz em um tempo muito antigo e bastante desconhecido na história do cristianismo primitivo. Quem foi esta pessoa, claro que é impossível dizer".
O mesmo pode se dizer sobre os restos do apóstolo Filipe, pensa o professor, notando que, qualquer que seja a suposição, os restos certamente pertencem a um cristão primitivo, "apóstolo ou não".

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