Visão nunca será a mesma: descoberta nova complicação grave da COVID-19

Cientistas britânicos descreveram o primeiro caso do desenvolvimento de cegueira cortical resistente como uma complicação anteriormente desconhecida da COVID-19.
Sputnik

Pesquisadores do Reino Unido, liderados por Mohamed Elhassan do Hospital Real de Derby, descreveram um caso raro de uma paciente de 54 anos de idade infectada pelo novo coronavírus que teve pneumonia grave e síndrome da encefalopatia reversível posterior (PRES, na sigla em inglês), que acabou desenvolvendo posteriormente a cegueira cortical.

A cegueira cortical é ama condição clínica rara e bilateral, de pausa isquêmica, caracterizada pela lesão no córtex cerebral. Normalmente, as pupilas continuam respondendo à luz. É uma desordem de visão de origem neurológica.

Quando a paciente entrou no hospital, estava com febre alta, dificuldade de respirar, aumento da frequência cardíaca e com saturação de oxigênio de 82%. Antes disso, a infectada passou dez dias com febre, dor muscular e tosse seca, segundo estudo publicado na revista científica Cureus.

A paciente foi tratada na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Real de Derby e começou a tomar antibióticos de amplo espectro devido à possibilidade de desenvolver sepse, que é um conjunto de manifestações graves em todo o organismo produzidas por uma infecção.

No 21º dia, a paciente teve uma convulsão tônico-clônica generalizada e, após realização de tomografia computorizada do cérebro, surgiu a probabilidade de síndrome de encefalopatia posterior reversível (PRES, na sigla em inglês).

Embora o estado da paciente tenha se estabilizado e terapia intensiva tenha sido interrompida, a observação neurológica da paciente revelou cegueira cortical, acompanhada por síndrome de Anton-Babinski, quando a pessoa não aceita a perda de visão.

Ao longo de recuperação física e neurológica, a paciente começou a identificar cores e formas, mas sua visão não se recuperou completamente.

A causa principal da PRES, que causou a cegueira cortical, normalmente é considerada uma hipoperfusão cerebral, a desordem do fluxo sanguíneo cerebral devido à hipertensão. Por isso, a pressão arterial elevada aumenta significativamente o risco de síndrome de encefalopatia posterior reversível. Mas, neste caso, a paciente estava com pressão sanguínea normal durante o tempo que passou no hospital.

Os pesquisadores sugeriram que a causa principal da PRES não foi a pressão sanguínea. A disfunção endotelial foi a consequência de sepse, causada pela entrada do vírus SARS-CoV-2 no cérebro, segundo especialistas.

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