China faz campanha difamatória contra a diplomacia de vacinas da Índia, diz imprensa indiana

Publicação afirma que, enquanto a diplomacia de vacinas da Índia coloca a China em desvantagem no sul da Ásia, a mídia do governo da China tem procurado montar uma campanha de difamação para tentar desacreditar a iniciativa indiana.
Sputnik

Enquanto diversos países aguardam vacinas para começar o combate à COVID-19, Índia e China trocam acusações em meio à disputa pelo mercado asiático de imunizantes. O jornal Times of India publicou um artigo neste domingo (25) fazendo diversas críticas aos veículos de imprensa da China.

A publicação destaca que a Índia já entregou a vacina Covishield, fabricada pelo Insituto Serum da Índia, para todos os países da Associação Sul-Asiática para a Cooperação Regional (SAARC, na sigla em inglês), exceto Sri Lanka, Afeganistão e Paquistão.

"Enquanto o governo indiano vai doar 500.000 doses da vacina ao Sri Lanka em 27 de janeiro, o governo garantiu a Cabul que o Afeganistão é o próximo da lista de prioridades da Índia para distribuição de vacinas contra a COVID-19", diz a reportagem.

O jornal acusa o Global Times de ter feito uma campanha de propaganda contra a iniciativa indiana "Vaccine Maitri", levantando questões sobre a capacidade da Índia de fabricar vacinas após o incêndio no Instituto Serum, o maior do mundo.

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Nesta semana, o Global Times citou um relatório da BBC para alegar que a All India Drug Action Network, um grupo de direitos dos pacientes, disse que a aprovação do Covishield produzido pelo Instituto Serum foi apressada, pois o fabricante não havia concluído um "estudo de ligação" para a vacina.

Em resposta, o Times of India afirmou que a China tem pouco a oferecer aos países em uma região onde continua a expandir rapidamente sua influência, tanto econômica quanto politicamente. "Embora o regulador de medicamentos do Nepal ainda não tenha aprovado o uso de vacinas chinesas, fontes do governo das Maldivas disseram que não há indicação de qualquer entrega de vacinas contra a COVID-19 pela China até agora", diz um trecho da publicação.

O jornal também relembrou que, na semana passada, a China viveu um impasse vacinal com Bangladesh, que se recusou a contribuir para o custo de desenvolvimento de um imunizante.

​O Global Times, por sua vez, afirmou em artigo publicado no último dia 22 que o incêndio do Instituto Serum "pode ​​afetar a confiança das pessoas na produção de vacinas de alta qualidade", e que a "capacidade de produção de imunizantes da Índia dificilmente acompanhará as ambições do governo indiano".

O artigo também citou um especialista dizendo que as vacinas da Índia estavam sendo fornecidas principalmente aos países do sul da Ásia como uma forma de ajuda e que não muitos países estavam realmente comprando vacinas indianas devido a "preocupações de qualidade". Vale lembrar que, a Índia, porém, também fornece vacinas em regime contratual ou comercial para a Arábia Saudita, África do Sul, Brasil, Marrocos, Bangladesh e Mianmar.

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Enquanto isso, na fronteira...

A Índia, também neste domingo (25), voltou a pedir para China uma "desaceleração" na escalada de militares no leste de Ladakh, escreve o Times of India. A publicação sustenta que o governo indiano pediu um roteiro "viável e sequencial" para o fim das ameaças na região, na fronteira do Himalaia.

Vizinhas, China e Índia não têm uma fronteira marcada em Ladakh, e vários conflitos fronteiriços ocorreram ao longo das décadas. Em 1993 e 1996, as nações firmaram acordos sobre a manutenção da paz nas regiões disputadas.

Em 2020, a situação no leste de Ladakh se agravou depois que aproximadamente 250 soldados chineses e indianos se enfrentaram na noite de 5 de maio na zona de Pangong Tso, deixando mais de 100 feridos em ambos os lados, confronto que só cessou após uma reunião entre os líderes locais.

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