China pede revisão de relatórios da OMS que indicam seu atraso na resposta inicial à COVID-19

Nesta semana, Pequim pediu a revisão de dois relatórios apresentados à Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de um ano após o novo coronavírus ter sido detectado pela primeira vez na cidade de Wuhan.
Sputnik

Os relatórios, apresentados em uma reunião contínua do Conselho Executivo da OMS, um de seus braços na tomada de decisões, em que é indicado atraso na resposta inicial à COVID-19, depois que as autoridades de saúde de Wuhan sinalizaram o misterioso vírus no fim de 2019, conta o South China Morning Post.

Há meses que Pequim defende afincadamente a sua resposta inicial ao vírus, na qual buscou se apresentar como um modelo global de contenção da pandemia.

Contudo, vários especialistas têm criticado o período de três semanas desde o primeiro relato da doença, no final de dezembro, até à confirmação de Pequim em que esta doença estaria se propagando entre as pessoas, e apontando que o tamanho atraso poderia ter contribuído para a propagação internacional.

Um painel independente, formado por 13 proeminentes especialistas em saúde, incluindo o cientista chinês Zhong Nanshan, e liderado pela ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, Helen Clark, e pela ex-presidente liberiana, Ellen Johnson Sirleaf, concluiu que "as medidas de saúde públicas poderiam ter sido aplicadas com mais vigor pelas autoridades da Saúde locais e nacionais na China em janeiro".

"A cronologia da fase inicial do surto sugere que havia potencial para uma reação mais rápida aos primeiros sinais, com uma escalada de resposta ligada mais imediatamente às informações emergentes sobre a disseminação do vírus", conforme consta em seu relatório provisório, divulgado na segunda-feira (18), citado no artigo. Na China, Zhong confirmou que a doença era contagiosa em 20 de janeiro de 2020.
China pede revisão de relatórios da OMS que indicam seu atraso na resposta inicial à COVID-19

O Escritório Regional para o Pacífico Ocidental da OMS compartilhou em sua página no Twitter, um dia antes, que havia evidências de transmissão limitada de pessoa para pessoa, de acordo com o texto.

Ao mesmo tempo, outro comitê apoiado pela OMS, que analisa as regras de resposta a surtos de doenças, disse que Pequim foi além das 24 horas exigidas quando relatou o surto à OMS. Pequim, no entanto, defendeu seu recorde na reunião do conselho executivo na terça-feira (19) e pediu que ambos os grupos fizessem revisões.

"A China sugere que o comitê de revisão e o [painel independente] devem melhorar ainda mais os relatórios e fazer avaliações científicas, objetivas, justas, abrangentes e equilibradas", declarou Sun Yang, da Comissão Nacional de Saúde da China, citado pela mídia chinesa.

Sun afirmou que ambos os relatórios fizeram declarações inconsistentes dos fatos, incluindo que a China esperou até 3 de janeiro para fornecer informações à OMS, defendendo que disse que o seu país se comunicou com a OMS entre 1 e 3 de janeiro. No final, a última data foi confirmada tanto pela OMS quanto pela China em seu próprio livro branco, no qual estão descritas as ações tomadas contra a COVID-19, de acordo com o texto.

No entanto, o jurista David Fidler, membro do Conselho das Relações Externas em Nova York e da Escola de Direito Maurer da Universidade de Indiana, nos EUA, disse que a retórica do painel parecia destinada a não irritar a China. Por exemplo, Fidler observou que o painel também apontava que, em geral, muito poucos países implementaram medidas de contenção de forma rápida e eficiente.

"Isto envia a mensagem mais 'diplomaticamente correta', de que todos deveriam ter feito melhor no início", comentou Fidler, citado pelo South China Morning Post.
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