Como mercado de ações da China sancionado pelos EUA pode impactar economia mundial?

Os bancos de investimento dos EUA adotaram medidas para excluir da lista as ações chinesas e seus derivados relacionados.
Sputnik

A Bolsa de Nova York (NYSE, na sigla em inglês) decidiu iniciar o processo de exclusão a partir de três empresas de telecomunicações chinesas, sendo elas a China Telecom, China Mobile e China Unicom.

Assim, os bancos Goldman Sachs, Morgan Stanley e JPMorgan informaram que vão retirar da lista os derivados relacionados com as ações da China Telecom, China Mobile e China Unicom que são cotadas em Hong Kong.

As preocupações dos investidores e empresas norte-americanas se devem ao fato de que durante décadas, as empresas chinesas arrecadaram mais de US$ 140 bilhões (cerca de R$ 768 bilhões) nas bolsas norte-americanas.

Segundo os dados publicados pelo Escritório Estatal de Estatísticas da China, o investimento estrangeiro em tecnologia chinesa cresceu aproximadamente 27,8% apenas nos primeiros dez meses de 2020, e o investimento estrangeiro na pesquisa e desenvolvimento da China cresceram em torno de 82%.

Como mercado de ações da China sancionado pelos EUA pode impactar economia mundial?

De acordo com os cálculos da empresa analítica britânica Mergermarket, o investimento das empresas norte-americanas em fusões e aquisições na China cresceu 69% de janeiro a outubro de 2020, alcançando US$ 11,3 bilhões (aproximadamente R$ 62 bilhões).

Aparentemente, os motivos políticos por trás das sanções dos EUA contra as empresas chinesas não têm nada a ver com os interesses comerciais do país. Ao mesmo tempo, é pouco provável que estas sanções tenham um efeito grave no mercado das finanças estruturadas de Hong Kong em seu conjunto, opinam os especialistas do holding financeiro HKEX, que opera o mercado de ações e de futuro em Hong Kong.

De acordo com o especialista do Instituto de Economia da Universidade Popular da China, Huang Weiping, as atuais sanções por si só não provocariam muitos danos à economia de Hong Kong, e por consequência, a da China. Contudo, estabelecem um precedente perigoso.

"Sabemos como se desenvolverá a situação durante a presidência de Joe Biden, então segue havendo uma insegurança. Porém, a julgar pelo comportamento dos principais atores do mercado, podemos concluir que esperam que a política de sanções continue, e que sob a administração de Biden os EUA se retirem do mercado de Hong Kong. Acredito que as estimativas do HKEX são perfeitamente justas e que não haverá muito impacto no mercado de Hong Kong após estas sanções", destacou o especialista à Sputnik.

No entanto, este é um precedente perigoso, pois poderia começar a causar uma queda na confiança dos investidores em outros produtos estruturados oferecidos pelo mercado de Hong Kong, adicionou.

Pequim, por sua vez, reagiu rapidamente com o Ministério do Comércio da China anunciando novas normas que protegem os interesses das empresas afetadas pelas sanções estrangeiras.

Como mercado de ações da China sancionado pelos EUA pode impactar economia mundial?

Os especialistas ressaltam que as empresas norte-americanas na China são as que podem estar em posição mais vulnerável, já que podem cair sob a pressão e as sanções das autoridades norte-americanas, bem como perderem o promissor mercado chinês.

Apesar de enfrentar dificuldade, o Fundo Monetário Internacional (FMI) admitiu que a economia chinesa mostrará um crescimento mais rápido em comparação a outros países.

O economista conclui afirmando que é a atração das perspectivas de desenvolvimento da China que faz com que os investidores de todo o mundo aumentem seus investimentos no país apesar dos obstáculos políticos.

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