O que o passado conta sobre nós? As 10 maiores descobertas de 2020 relacionadas a nossos ancestrais

Entre o primeiro DNA humano reconhecido este ano de 800 mil anos atrás e a nova data para primeira povoação das Américas, seguimos encontrando pistas sobre os nossos antepassados.
Sputnik

A memória histórica nos ajuda a compreender o que somos hoje, e talvez, o que seremos no futuro. Toda vez que encontramos vestígios da nossa caminhada como espécie através de achados arqueológicos ou descobertas científicas, adicionamos mais uma peça ao complexo quebra-cabeça que compõe a nossa jornada na Terra como humanos. Do Homo habilis ao Homo sapiens, nossos ancestrais nos apontam formas que encontraram para sobreviver nesse planeta que nem sempre apresentou condições agradáveis para nossa estada por aqui. E mais que isso, mostra que mesmo com todas as adversidades, continuamos firmes e fortes na evolução da espécie.

O portal Live Science publicou um resumo sobre as dez maiores descobertas relacionadas a nossos ancestrais em 2020 que ilustram bem todos os caminhos que já percorremos.

Encontros envolventes

Os primeiros ancestrais da espécie que fazemos parte até agora (Homo sapiens), não se envolveram somente entre os nossos no passado. Cerca de um milhão de anos atrás, nós já nos relacionamos com outra espécie, segundo um estudo publicado na revista PLOS Genetics. Até hoje, ainda carregamos alguns desses genes. É possível que essa espécie misteriosa tenha sido o Homo erectus, mas ainda há muitas dúvidas, pois o mesmo foi extinto cerca de 110 mil anos atrás.

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O DNA humano mais antigo é de um canibal

Com 800 mil anos, o mais antigo DNA humano conhecido pertence ao Homo antecessor, uma espécie que pode ter praticado o canibalismo. Cientistas encontraram os restos mortais de seis indivíduos na Espanha em 1994, mas foi somente neste ano que uma equipe de pesquisadores extraiu o DNA de um dos dentes desse indivíduo, usando proteínas encontradas no esmalte para determinar o segmento de DNA que os codificou. A equipe então comparou esta sequência de DNA com amostras recentes de dentes humanos e determinou que o Homo antecessor não é uma relação próxima. Em vez disso, provavelmente foi uma espécie irmã de um ancestral que deu origem aos humanos modernos. O estudo foi publicado na revista Nature. 

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Vestígios de antigas ferramentas apontam rotas humanas na Península Arábica

Quando os humanos modernos deixaram a África, há cerca de 130 mil anos, eles caminharam ao longo da Península Arábica, mas nunca se soube ao certo qual caminho eles tomaram. Agora, os cientistas têm uma ideia, depois de encontrar pontas de sílex afiadas e feitas por humanos no deserto de Negev, em Israel, que marcaram uma rota antiga, de acordo com pesquisas em andamento na Autoridade de Antiguidades de Israel.

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Pegadas no deserto

Seguindo a rota mencionada no tópico acima, onde exatamente os humanos caminharam na Península Arábica? Os pesquisadores encontraram pegadas humanas de 120 mil anos entre pegadas de outros animais antigos preservadas em um antigo leito de lago no deserto de Nefud, na Arábia Saudita. Essas pegadas são as primeiras evidências do Homo sapiens na Península Arábica. Durante essa época, a Península Arábica era verde e pontilhada de lagos, um lugar hospitaleiro para humanos em migração. 

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América povoada antes do que se imaginava

As primeiras pessoas a pisarem nas Américas podem ter chegado há 30 mil anos, ou seja, muito mais cedo do que se pensava anteriormente. Em um estudo, publicado na revista Nature, a escavação de uma caverna remota no noroeste do México revelou ferramentas de pedra feitas pelo homem datadas de 31.500 anos atrás. Em outro estudo publicado pela mesma revista, os cientistas uniram dados já publicados sobre a atividade humana inicial na antiga Beringia (área que conectava a Rússia à América durante a última era do gelo) e os inseriram em uma equação que modelava a dispersão humana. O modelo mostrou que os primeiros humanos provavelmente chegaram à América do Norte há pelo menos 26 mil anos.

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Crânios diversos em uma só caverna

Muitos detalhes sobre a diversidade humana ainda permanecem como sendo grandes mistérios para ciência, detalhes esses que são até mesmo encontrados no fundo de cavernas. Uma análise de quatro crânios antigos descobertos em cavernas subaquáticas no estado mexicano de Quintana Roo mostra que quatro indivíduos não se pareciam em nada: um crânio parecia com pessoas do Ártico, outro tinha características europeias, um terceiro parecia com os primeiros povos da América do Sul e o último não se parece com nenhuma população. Os crânios datam de 13 mil a nove mil anos atrás, exatamente quando a última era do gelo estava terminando, de acordo com o estudo publicado na revista PLOS One.

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Mineração sofisticada

Essas mesmas cavernas mexicanas, que agora estão debaixo d'água, escondiam outro segredo. Durante anos, mergulhadores encontraram esqueletos de povos antigos, incluindo os crânios mencionados acima, o que os fez questionar da onde vinham essas pessoas. Esse ano, novas evidências sugerem que algumas dessas pessoas poderiam estar nesse local realizando mineração. Cerca de 12 mil a dez mil anos atrás, os povos antigos mineraram essas cavernas em busca do mineral vermelho ocre e deixaram sinais de seu trabalho, incluindo os restos carbonizados de incêndios, ferramentas de pedra e marcadores de pedra para que não se perdessem no labirinto escuro. O ocre era usado em rituais e atividades cotidianas, inclusive possivelmente como repelente de insetos ou protetor solar.

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Crianças sempre 'fizeram pirraça'

Há mais de dez mil anos, uma pessoa carregando uma criança no colo largou a criança, reajustou-a e pegou a criança novamente enquanto continuava sua jornada através do que hoje é o Novo México (EUA). Os pesquisadores encontraram as pegadas dessa pessoa e da criança, que acreditam que estava "fazendo pirraça" pelas marcas, no Parque Nacional White Sands, nos EUA. Com 1,5 quilômetros de comprimento, esta trilha é a mais longa trilha humana dupla da época do Pleistoceno tardio já registrada. 

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Civilização fantasma

Quatro crianças que morreram jovens entre oito mil e três mil anos atrás no que hoje é Camarões, na África, tinham segredos em seu DNA. Após análise dos restos mortais, os cientistas ficaram surpresos ao descobrir que uma população "fantasma" de humanos até então desconhecida contribuiu para o seu genoma, segundo artigo publicado pela revista Nature. Cerca de um terço do DNA das crianças se originou de ancestrais intimamente relacionados a caçadores-coletores conhecidos no oeste da África Central. Mas os outros dois terços vieram de uma fonte antiga na África Ocidental, incluindo uma "população fantasma há muito perdida de humanos modernos" da qual não se conhecia até agora, relataram os cientistas.

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Conexão que cruzou oceanos

Há 800 anos, os polinésios e indígenas da Colômbia possuíam barcos e, aparentemente, um desses grupos navegou até o outro e se conectou. Quando os pesquisadores analisaram o DNA polinésio, eles perceberam que alguns carregavam uma assinatura genética semelhante a dos indígenas colombianos. Mas não está claro se os polinésios viajaram para a Colômbia e depois voltaram para a Polinésia (com seus filhos colombiano-polinésios) ou se os colombianos viajaram para a Polinésia, disseram os pesquisadores. 

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