EUA afirmam que abrirão consulado em região disputada do Saara Ocidental

O Departamento de Estado dos Estados Unidos disse nesta quinta-feira (24) que abrirá um consulado no Saara Ocidental após a decisão do presidente Donald Trump de reconhecer a soberania do Marrocos sobre a região disputada.
Sputnik

O secretário de Estado Mike Pompeo disse em um comunicado que o processo de abertura das instalações já começou. O procedimento envolve encontrar e garantir uma propriedade adequada para a missão antes que o pessoal seja contratado. Ainda não está claro quando ou onde o consulado seria aberto. Até lá, Pompeo disse que a Embaixada dos EUA em Rabat operaria um consulado virtual para servir ao Saara Ocidental.

Tenho prazer de anunciar o início do processo para estabelecer um consulado dos EUA no Saara Ocidental e a inauguração de um posto de presença virtual com efeito imediato! Esperamos promover o desenvolvimento econômico e social e envolver as pessoas desta região.

Trump anunciou em 10 de dezembro que os EUA reconheceriam a reivindicação do Marrocos sobre o Saara Ocidental como parte de um acordo para o país africano normalizar suas relações com Israel. O governo Trump priorizou a obtenção de tais acordos entre Estados árabes e Israel e, até agora, concluiu quatro: Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos.

O reconhecimento do Saara Ocidental como parte do Marrocos foi uma reversão de décadas da política dos EUA e foi uma medida bastante criticada, principalmente por aqueles que lutaram pela independência do território e querem um referendo para decidir sobre o seu futuro. A ex-colônia espanhola tem uma população estimada em entre 350 e 500 mil habitantes e acredita-se que possui reservas consideráveis de petróleo e recursos minerais.

A decisão dos EUA de reconhecer a soberania marroquina sobre o Saara Ocidental também foi alvo de críticas da ONU, assim como de aliados dos norte-americanos na África e em outros continentes.

Observadores africanos disseram que isso poderia desestabilizar toda a região, que já luta contra as insurgências islâmicas e o tráfico de migrantes. O ex-secretário de Estado dos EUA, James Baker, que serviu como enviado das Nações Unidas ao Saara Ocidental, chamou a atitude do governo Donald Trump de "um recuo surpreendente dos princípios do direito internacional e da diplomacia".

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