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Especialista não vê ameaça de intervenção em patrulhamento brasileiro na fronteira com Venezuela

A 1ª Brigada de Infantaria de Selva realizou entre 25 a 27 de novembro um patrulhamento na fronteira entre o Brasil e a Venezuela. A ação ocorre em meio a tensões diplomáticas entre os dois países.
Sputnik

Executada em coordenação com órgãos de segurança pública federais e estaduais, a operação tinha o objetivo de intensificar o patrulhamento e aumentar a sensação de segurança da população local.

Na última segunda-feira (7), o Itamaraty afirmou que as eleições legislativas da Venezuela, realizadas em 6 de dezembro na Venezuela, não respeitaram "regras mínimas de um processo democrático".

O professor de História da UERJ, especialista em História e Política da Venezuela, Rafael Araújo, em entrevista à Sputnik Brasil, observou que a relação entre Nicolás Maduro e Jair Bolsonaro não é boa, acrescentando "essa relação tensa, turbulenta, e agressiva em alguns momentos, deve se perpetuar".

O especialista, no entanto, disse não acreditar que as operações brasileiras na fronteira signifiquem uma investida militar que represente uma "ameaça velada e simbólica do Brasil quanto a uma intervenção armada na Venezuela".

"Militarmente, as Forças Armadas venezuelanas são extremamente preparadas, inclusive por conta dos acordos militares que eles têm com os russos [...] então nesse sentido não vejo o Brasil tendo capacidade militar para fazer uma guerra", argumentou.

Rafael Araújo destacou que a derrota de Donald Trump nas eleições dos EUA reforça um cenário desfavorável a uma confrontação, pois o presidente norte-americano "nos últimos quatro anos em vários momentos ameaçou diretamente a Venezuela com uma intervenção militar, e, ao que tudo indica, Joe Biden não vai manter essa linha intervencionista".

Especialista não vê ameaça de intervenção em patrulhamento brasileiro na fronteira com Venezuela

De acordo com ele, as manobras brasileiras são de reconhecimento de território e parecem estar mais relacionadas à sensação de segurança de brasileiros que vivem na fronteira do que de uma ameaça de intervenção de territórios.

Ao comentar as perspectivas para as relações entre os dois países, o historiador afirmou que "para o bem do Brasil e da Venezuela", um acordo político seria a melhor saída para ambas as partes.

"Mas conhecendo Bolsonaro e conhecendo Maduro, eu acho pouco provável que esse acordo se costure. A não ser que haja uma intervenção, no sentido de costura de um acordo, por parte da União Europeia ou dos EUA. Até agora, o Brasil tem tido uma postura muito refratária com Nicolás Maduro, e isso acaba por intensificar as tensões entre os dois países", disse.

"Nestes quase dois anos de governo Bolsonaro, o Brasil encolheu o protagonismo político e a liderança que tinha na América do Sul", acrescentou.

O especialista destacou também que a atual política externa brasileira prioriza muito pouco o entorno sul-americano e a possibilidade de um acordo com a Venezuela só aconteceria se o Brasil realizasse uma profunda mudança em sua política externa.

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