Como China se torna um dos maiores exportadores de armas?

Quatro fabricantes de armas chinesas se posicionaram entre as principais do mundo, segundo um relatório.
Sputnik

A Corporação da Indústria de Aviação da China (AVIC, na sigla em inglês), Corporação do Grupo de Tecnologia Eletrônica da China (CETC, na sigla em inglês) e Corporação do Grupo de Indústrias do Norte da China (NORINCO, na sigla em inglês) ocupam os postos 6, 8 e 9 da lista do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês). Enquanto a Corporação do Grupo de Indústrias do Sul da China (CSGC, na sigla em inglês) está em 24º lugar da lista das 25 principais companhias no mercado mundial de armas.

Estas quatro companhias cresceram 4,8% entre 2018 e 2019, fazendo com que o gigante asiático conquistasse a segunda posição mundial quanto a venda de armas durante 2019.

Em entrevista à Sputnik China, o especialista Pavel Kamennov atribui a alta qualificação das empresas militares chinesas ao rápido desenvolvimento científico, tecnológico e industrial integrado à esfera militar chinesa com um forte financiamento do governo.

"O financiamento e o desenvolvimento desta área na China superaram o crescimento econômico. Nos últimos anos, esta cifra esteve entre 6% e 6,5% na China, e a taxa de crescimento do financiamento da pesquisa e desenvolvimento foi de entre 8% e 10%. Sobre esta base, a China está melhorando seu complexo industrial militar, rearmando sistematicamente seu Exército e, ao mesmo tempo, mantendo uma alta posição no mercado mundial de armas", disse Kamennov.

O especialista adicionou que a China manteve uma reputação confiável com seus parceiros, tanto nas relações comerciais e econômicas como na venda de armas, portanto, esta confiança fez com que empresas chinesas figurem entre as principais exportadoras do mundo.

Como China se torna um dos maiores exportadores de armas?

O analisa Zhou Rong destacou a seletividade e responsabilidade do gigante asiático no momento de exportar suas armas, já que não o faz a países envolvidos em conflitos regionais e a economia chinesa também não depende dessas exportações.

"A China produz principalmente armas defensivas, e a maioria das exportações são necessárias para que os importadores protejam sua soberania e segurança nacional. A China não se enriquece por exportar armas e não vende a países envolvidos em conflitos regionais como o faz qualquer outro Estado. O fornecimento de armas e equipamento aumenta a capacidade defesa e luta contra o terrorismo dos países necessitados, o que, sem dúvida, contribui para a paz mundial", salientou o Rong.

Por sua vez, Andrei Volodin avaliou o critério geopolítico que o gigante asiático considera na hora de desenvolver armamento e a maneira em que impede que isso afete a expansão de suas exportações na indústria militar.

"A China acredita que há uma série de países que podem representar uma ameaça potencial para sua segurança. Em primeiro lugar os EUA, depois o Japão, que é muito mais fraco que a China, mas tem problemas históricos com ela. Por último, a Índia, com a qual tem uma disputa territorial. Nestas condições, a China mantém sua capacidade de defesa em nível adequado através do desenvolvimento de sua produção militar, e ao mesmo tempo entra nos mercados mundiais", explicou.

Na lista do SIPRI, nos últimos três anos a Índia passou do quinto ao terceiro lugar. Enquanto que o volume de empresas norte-americanas é muito maior, representando 61% das vendas.

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