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O que muda com o sistema PIX? Economista comenta novidade e crê em desconcentração bancária (VÍDEO)

Economista da UFRJ acredita que a chegada do PIX vai renovar o sistema bancário no Brasil, promovendo uma desconcentração generalizada. A Sputnik Brasil foi às ruas para ouvir o que estão pensando os consumidores a respeito da novidade implementada pelo Banco Central (BC).
Sputnik

O sistema PIX começou a funcionar no dia 3 de novembro, de segunda a quarta-feira, no horário das 9h às 22h. Apresentado pelo Banco Central como uma espécie de galinha dos ovos de ouro para economia nacional, a ferramenta passou a funcionar desde a última segunda-feira (16) em plena operação. Agora, a realização de pagamentos 24 horas por dia e nos sete dias da semana é uma realidade para os brasileiros.

Desde que entrou na fase de testes, o PIX já movimentou mais de 120 milhões de reais e mais de 300 mil transações na plataforma, de acordo com o Banco Central. Um dos grandes objetivos da nova forma de pagamentos instantâneos é diminuir o uso do dinheiro em espécie, cujo custo somente de transportes está na ordem de R$ 10 bilhões por ano para os bancos, segundo a Federação Nacional dos Bancos (Febraban).

O que muda com o sistema PIX? Economista comenta novidade e crê em desconcentração bancária (VÍDEO)
Com mais de 30 milhões de usuários já registrados na plataforma, na prática, o sistema PIX é similar à TED e ao DOC, velhos conhecidos da população quando o assunto é transferência eletrônica de dinheiro. O PIX, porém, inova ao permitir operações financeiras sem o pagamento de taxa, com depósitos praticamente instantâneos.

Além disso, o sistema vai reduzir para dez segundos o tempo de liquidação de pagamentos entre estabelecimentos com conta em bancos e instituições diferentes. As transações poderão ser feitas através de QR Code ou com base na chave cadastrada.

Para falar sobre este mecanismo que promete remodelar o sistema financeiro nacional, a Sputnik Brasil conversou com o economista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), André de Melo Modenesi, e foi às ruas para saber quais são as expectativas da população para o pleno funcionamento do PIX.

De acordo com o economista da UFRJ, a principal vantagem que o PIX pode oferecer é a redução dos custos. "Os bancos no Brasil cobram tarifas altas para transferências, e agora poderemos fazer isso de graça. Isso é um ganho imenso para o consumidor".

"Em segundo lugar, outra vantagem que podemos indicar é que o PIX favorece um processo de entrantes de novos concorrentes no mercado bancário brasileiro, que é muito concentrado. Eu vi que operadores de telefonia também estão interessadas em fazer parte do sistema", disse o economista.

André Modenesi destacou as dificuldades burocráticas para ingressar no sistema bancário nacional, que possui grande regulamentação. Para o especialista em regimes monetários, a novidade do BC deve facilitar a entrada de novos agentes no restrito grupo de bancos em atividade no Brasil.

"Não é fácil abrir bancos no Brasil, pois há regulamentação muito rígida. Com o PIX, cria-se um subconjunto de serviços bancários sem a necessidade de ser um banco, e portanto, sem passar pelas dificuldades legais e burocráticas", comentou.

André Modenesi, porém, fez questão de defender em sua argumentação o conjunto de leis que regem o sistema bancário brasileiro. "A regulação no Brasil não é um problema. O que acontece é que a regulação é assim: sempre estamos criando formas de fugir delas. Com mais participantes do sistema bancário, reduz-se a taxa de spread, e consequentemente, há redução nas taxas de juros. Quem ganha é o consumidor".

O que muda com o sistema PIX? Economista comenta novidade e crê em desconcentração bancária (VÍDEO)
Um dos entendimentos do BC sobre o PIX é que o sistema vai facilitar e agilizar os pagamentos e transferências entre pessoas, empresas e entes governamentais. André Modenesi concorda com esta avaliação, e acrescenta que "o processo de redução do papel-moeda é longo, duradouro. Aqui no Brasil, começou nos anos 1990, com o advento dos cartões de crédito e débito".

Segundo ele, "esse processo de redução do papel-moeda é importante na mitigação de custos, e o Banco Central está fazendo um bom papel no sentido de aumentar a concorrência, o que não é bom para os bancos, mas, sim, para o consumidor em geral. Os bancos tendem a perder. Os efeitos esperados são ganhos para nós, população, e redução de receita para os bancos", sentenciou.

A novidade do sistema PIX também vai exercer influência sobre as redes varejistas. O BC avalia que o ganho está na rapidez e facilidade de realizar os pagamentos. Isso abrirá um leque de criatividade para o setor estimular as transações financeiras instantâneas, seja com promoções ou vantagens via carteiras digitais.

Modenesi concorda com a avalição de que o PIX vai impactar as finanças, e a economia como um todo, sobretudo a movimentação do comércio no país. O principal impacto dessa "novidade, como foi dito, é a redução dos custos para o consumidor", afirmou.

"Porém, o comerciante também ganha com a novidade. É mais segurança para ambos. Reduz-se para o comércio uma série de gastos, como a mensalidades das máquinas utilizadas para cartão de crédito e débito, os custos de transportar e guardar dinheiro e, principalmente, a liquidação será imediata, ou seja, o recebedor terá em poucos segundos os recursos disponíveis em sua conta", concluiu.
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