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Proteção contra hackers no STJ e governo exige treinamento e auditoria, afirma engenheiro

Na terça-feira (3), o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) interrompeu os trabalhos após um ataque cibernético, levantando dúvidas sobre a segurança dos dados governamentais. Para discutir a questão, a Sputnik Brasil ouviu um engenheiro da UFF, que apontou a necessidade de treinamento sobre o tema.
Sputnik

O STJ sofreu um ataque cibernético na terça-feira (3), o que levou o tribunal a suspender suas atividades temporariamente como forma de precaução, apontando como previsão o retorno total do funcionamento na terça-feira (10). A Polícia Federal investiga a questão e já identificou um hacker que invadiu o sistema do STJ.

O engenheiro Luiz Claudio Schara Magalhães, doutor em Computação pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, e professor do Laboratório de Comunicação de Dados da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF), aponta que a garantia da segurança de sistemas governamentais, como no caso do STJ, exige não só tecnologia, mas também treinamento.

"Manter a segurança de dados é extremamente complicado, principalmente porque não basta manter a segurança de dados em uma esfera tradicional computacional. Não apenas os sistemas têm que ser seguros, mas as pessoas que utilizam os sistemas têm que ter ideias de segurança", afirma o engenheiro em entrevista à Sputnik Brasil, acrescentando que a maioria dos ataques cibernéticos hoje compromete o sistema através dos usuários, por meio da chamada engenharia social.

O engenheiro explica que nenhum computador ligado a alguma rede é considerado totalmente seguro, uma vez que a Internet torna "muito complicado" manter a segurança dos sistemas ligados a ela.

"Para melhorar isso existem várias técnicas, até mesmo contratar hackers, os chamados white hat hackers, que são contratados para fazerem um ataque ao seu sistema para descobrirem as vulnerabilidades e você pegar e fechar essas vulnerabilidades. Mas, de forma geral, é quase impossível tornar um sistema que é ligado à Internet seguro", aponta, acrescentando que a auditoria dos sistemas é a melhor solução de segurança disponível.
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Com a aproximação das eleições municipais no Brasil, marcadas para 15 de novembro, o engenheiro também aponta que a auditoria das urnas eletrônicas seria uma forma de melhorar a segurança dos dispositivos, através da impressão de votos para comprovar os resultados por meio de amostragem. Além disso, o engenheiro defende que o exame dos dispositivos por auditores independentes aumentaria ainda mais a segurança do pleito.

"Uma outra técnica para aumentar a segurança das urnas seria permitir que auditores independentes fizessem a análise de segurança das urnas, porque a gente diz que segurança por obscuridade, que é, no caso, que os hackers não saberiam como é feita a segurança das urnas e por isso não conseguiriam atacá-las, isso não é uma forma considerada boa pelos especialistas em segurança", afirma, acrescentando que apesar disso há um "alto grau de segurança nas urnas brasileiras".
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