Casa Branca indica 'derrota' da pandemia da COVID-19 como conquista de Trump

A administração Trump relatou ter acabado com a pandemia provocada pelo novo coronavírus em meio a um aumento de novos casos e de casos ativos no país, segundo dados oficiais.
Sputnik

Em um comunicado enviado a repórteres na terça-feira (27), o Escritório de Ciência e Tecnologia da Casa Branca listou "o fim da pandemia da COVID-19" como um dos feitos do primeiro mandato do presidente norte-americano, apesar dos casos de coronavírus continuarem disparando nos EUA.

De acordo com o comunicado, a administração Trump "tomou medidas decisivas para envolver cientistas e profissionais de saúde no meio acadêmico, na indústria e no governo para entender, tratar e derrotar a doença".

Casa Branca proclamando vitória por "acabar com a pandemia", o que é flagrantemente falso.

Além disso, "compreender nosso planeta". O que isso sequer significa?

Apesar do comunicado, os números oficiais pintam uma realidade muito diferente.

Até quarta-feira (28), mais de nove milhões de casos do novo coronavírus haviam sido relatados nos EUA, com resultado de mais de 232.000 mortes, segundo os dados da COVID-19 no Worldmeter. E vale lembrar que no dia anterior, na terça-feira (27), os novos casos contaram 75.981 infectados, com um novo máximo de 81.581 na quarta-feira (28) e um contínuo aumento no número de casos ativos.

De acordo com o portal COVID Tracking Project, atualmente há mais de 44.000 pessoas nos EUA hospitalizadas devido à doença e a complicações respiratórias.

Durante uma transmissão na quarta-feira (28) no canal Fox News, Alyssa Farah, diretora de comunicações estratégicas da Casa Branca, admitiu que o comunicado foi mal redigido.

"Os casos ainda estão aumentando e precisamos que a população americana permaneça vigilante", explicou. "Esta é a principal prioridade do presidente, derrotar este vírus e reconstruir nossa economia. Mas estamos chegando ao fim, porque pensamos que teremos uma vacina até o final do ano, e por conta da liderança do presidente, esperamos ser capazes de implantar isso em grande escala para até 100 milhões de americanos até o final do ano."

Quando a anfitriã Sandra Smith perguntou a Farah se o presidente acreditava que o vírus havia sido derrotado, Farah respondeu: "Não, absolutamente não. Isso foi mal formulado. Acho que a intenção era dizer que o nosso objetivo é acabar com o vírus", relatou o Fox News.

"Estamos apressando a terapêutica [...] Temos remdesivir no mercado que as pessoas são capazes de usar. Temos anticorpos monoclonais, temos esteroides que podem ser usados para tratar os mais vulneráveis. Temos testes massivos e a capacidade de isolar casos", acrescentou Farah.

No domingo (25), Mark Meadows, chefe de gabinete da Casa Branca, disse que a administração Trump "não vai controlar a pandemia" antes que uma vacina esteja disponível, porque a COVID-19 "é um vírus contagioso", informou o jornal USA Today.

Trump e a pandemia

Durante toda a temporada eleitoral, Trump realizou comícios que atraíram milhares de pessoas com níveis mínimos de distanciamento social e uso de máscara, e isso vem se repetindo, minimizado a gravidade da doença.

"COVID, COVID, COVID é o canto unificado da mídia fake news de fraca propagação. Eles não falarão de mais nada até 4 de novembro, quando a eleição (esperemos!) terminará. Então a discussão será sobre quão baixa é a taxa de mortalidade, muitos leitos de hospital, e muitos testes de jovens", disse Trump na quarta-feira (28).

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