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Mais saneamento e menos plástico crescem no Brasil e já fazem a diferença, diz analista

Todo dia 14 de agosto se noticia o Dia de Combate à Poluição, tema que atinge o mundo todo e que no Brasil apresenta avanços, ainda que em tempos de crise econômica e pandemia do novo coronavírus, de acordo com um especialista ouvido pela Sputnik Brasil.
Sputnik

Ocupando a 112.ª posição em um ranking de saneamento entre 200 países, o Brasil é um dos cinco que mais descartam incorretamente lixo plástico no planeta. Apesar disso, o oceanógrafo e engenheiro ambiental David Zee, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) vê o país reunindo esforços para mudar isso.

"O Brasil eu acredito que está começando a se preocupar com essa questão da poluição, porque existem indícios muito fortes de, por exemplo, o novo Marco do Saneamento Básico e ele é extremamente importante para a questão da saúde pública", afirmou à Sputnik Brasil, relembrando as medidas aprovadas pelo Congresso Nacional em junho.

Zee destacou que muitas das principais doenças costumam ser transmitidas pela água, e a forte concentração populacional nas grandes cidades brasileiras, muitas delas cortadas por rios, acaba gerando não só poluição, mas problemas de saúde que, a curto, médio e longo prazo, geram encargos ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Mais saneamento e menos plástico crescem no Brasil e já fazem a diferença, diz analista

"Sabe-se, é notório que cada real, cada dólar investido em saneamento básico e em prevenção representa cinco, seis vezes o valor aplicado em prevenção nessa questão de cura da doença. Então é muito importante a gente evitar que essa poluição se espalhe para que a gente possa minimizar os custos para a cura da doença", complementou o professor da UERJ.

Com o Marco do Saneamento Básico, prosseguiu ele, será possível que em rios profundamente contaminados em áreas muito adensadas, se ataque exatamente a poluição que mais aflige uma vasta parcela da população brasileira, que mora em regiões onde "ninguém quer ir", conforme o engenheiro ambiental explicou.

"Os principais impactos da poluição na condição de vida dos brasileiros são uma coisa terrível, principalmente nas grandes cidades [...]. É preciso que haja efetivamente uma atenção muito grande para essa questão do saneamento básico de forma que a gente minimize ou evite que a poluição se espalhe pelas grandes cidades brasileiras, onde estão completamente assim saturadas, com pessoas densamente ocupando zonas perigosas, principalmente zonas essas tomadas por água contaminada", afirmou.

Plástico e consciência social contra poluição

A gestão do ar e das águas não é o único problema da poluição dentro e fora do Brasil. Um ponto que preocupa ambientalistas e autoridades é o plástico, que integra a vida da humanidade desde o início do século XX, mas que passou a ser usado em larga escala apenas a partir das décadas de 1960 e 1970.

De acordo com o especialista ouvido pela Sputnik Brasil, os oceanos no mundo todo vêm sofrendo muito com o uso amplo e irrestrito dos plásticos, que levam em média 100 anos para se decomporem completamente na natureza. Ele comentou que, além do impacto na vida marinha, o descarte do lixo plástico de maneira incorreta impacta a vida cotidiana.

"A superfície dele é propícia para acumular bactérias e micro-organismos nocivos e isso afeta muito a questão da balneabilidade, da saúde das águas balneáveis das praias. O plástico inclusive entrou na pauta da ONU, onde se desenvolveu todo um plano estratégico para até 2030 erradicar plásticos e, principalmente, tomar conta de vários problemas ambientais pelo planeta e ela criou então os objetivos de desenvolvimento sustentável. O ODS 14 fala exatamente na vida dos oceanos, onde ela aponta o plástico como um dos principais vilões que ameaçam a vida no mar", ponderou.

Em cidades sem litoral, medidas mais perceptíveis vêm sendo tomadas nos últimos tempos. Zee relembrou a ampliação de medidas contra, por exemplo, as sacolas plásticas em supermercados, que podem ter gerado uma crítica inicial, mas que vão ganhando corpo nas grandes capitais e em cidades médias.

"Quanto à questão das sacolas plásticas, o Brasil já está dentro, nos seus municípios e nos seus estados, [de] um programa legislativo muito interessante, muito importante para a erradicação da sacola plástica. No Rio de Janeiro nós já temos esse programa ativo, onde nós percebemos que nos supermercados agora temos uma economia no uso desse plástico, cobrando-se até o uso desse plástico", disse ele.

Para Sputnik Brasil, o analista fez questão de mencionar que o valor financeiro deve ser percebido como educativo, e não punitivo. O foco, continuou ele, é "valorar o cuidado que a gente deve ter com a natureza, na medida em que se começa a colocar um valor nesse plástico isso incute na consciência das pessoas o custo que você está pagando para poder erradicar, para poder fazer todo esse tratamento, esse recolhimento do plástico".

Mais saneamento e menos plástico crescem no Brasil e já fazem a diferença, diz analista

O famoso canudinho plástico, antigamente tão comum em ambientes públicos, é o principal exemplo usado por Zee.

"Não é justo por exemplo que um canudinho, que a gente usa por dois, cinco minutos e ele precisa de 100 anos para se decompor na natureza. É preciso que comecemos a mudar a postura, a sociedade tem um papel muito importante, vamos parar de usar o canudinho plástico, podemos usar o canudinho de metal e depois lavar, não usar mais o copo de plástico e usar um copo que possa ser lavável. Essas são questões muito importante que deveríamos contribuir e brigar de tal forma que a gente possa melhorar as condições do planeta erradicando essa poluição", concluiu.

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