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China e Leste Asiático foram salvação da lavoura das exportações brasileiras, confirma especialista

A declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que o Brasil não sofreu choque nas exportações por causa da China e de outros países da Ásia é verdadeira, disse especialista à Sputnik Brasil.
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Em reunião por videoconferência do Fórum de Incentivo à Cadeia Leiteira, promovido pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Guedes disse que o impacto nas exportações no primeiro semestre deste ano tinha sido "zero".  

Com a crise do novo coronavírus, o temor era de que as vendas brasileiras para o exterior caíssem devido à diminuição da atividade econômica global. Segundo Wellington Amorim, professor de Relações Internacionais do Centro de Ciências Sociais da Escola Naval, "o fundo da afirmação" de Guedes "está correto". Ele diz que a pandemia, realmente, fez a demanda pelas exportações brasileiras cair em vários países. 

"Comparando o desempenho das exportações e importações entre janeiro e julho de 2019 com mesmo período de 2020, realmente em boa parte dos principais países com os quais o Brasil tem um intercâmbio comercial mais efetivo houve uma queda de demanda muito grande", disse o pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (Inest/UFF).

Exportações para os EUA caíram 40%

Ao mesmo tempo, ele explica que, no caso da China e outros países do Leste Asiático, ocorreu um aumento das exportações nesse período, o que acabou compensando as perdas em outros lugares. 

"Nós aumentamos as exportações, de 2019 a 2020, neste período de janeiro a julho, de US$ 121 bilhões [cerca de R$ 651 bilhões] para US$ 130 bilhões [cerca de R$ 699 bilhões], ou seja, acréscimo de cerca de 8%. A China passou de US$ 36 [cerca de R$ 194 bilhões] para US$ 46 [cerca de R$ 247 bilhões], um acréscimo de 15%, e a Coreia do Sul teve um acréscimo de 20%, de US$ 1,7 bilhões [cerca de R$ 9 bilhões] para US$ 2 bilhões [cerca de R$ 12 bilhões). Cingapura teve um acréscimo muito grande, ultrapassando o Japão como nosso segundo maior parceiro comercial no Leste Asiático, e a Malásia, Tailândia e Indonésia também tiveram um acréscimo", afirmou o especialista em política e economia asiática.

Por outro lado, a redução das exportações para os Estados Unidos foi de 40%, segundo Amorim. Os números com o Leste Asiático são bem mais animadores. O especialista diz que a China foi responsável por 35% das exportações brasileiras entre janeiro e julho de 2020, enquanto Cingapura respondeu por 2%, o Japão, por 1,8%, a Coreia do Sul, por 1,6%, e a Malásia, por 1,5%. 

"Nosso superávit aumentou basicamente por esses países", disse Amorim.

Com a China, os principais produtos exportados são soja (42%), minério de ferro (19%), petróleo (5%), carne (4%) e celulose (4%). 

'Impacto desses países'

Com isso, o Brasil conseguiu obter um saldo comercial razoável mesmo em um período de crise. 

"Tirando as importações das exportações, tirando o que tivemos que pagar das importações em relação ao que recebemos pelas exportações, ou seja, esse lucro, entre aspas: 70% do saldo veio do nosso comércio com a China", afirmou. 

Cingapura, por sua vez, foi responsável por 15% do saldo, Malásia, por 3%, Hong Kong, por 3%, Tailândia, por 2%, e Indonésia, por 1%. 

"Somando esses países nós temos quase 95% do saldo, o que mostra o quanto isso foi importante. Ajuda a mostrar o impacto desses países para a manutenção de um saldo comercial razoável", avaliou o professor. 

Brasil deveria conhecer mais Ásia

Por isso, ele considera que o governo brasileiro, o Itamaraty e os empresários deveriam se aprofundar ainda mais nos estudos sobre a região. 

"É um trabalho que passa por termos um maior conhecimento, e nossas elites econômicas olharem para a Ásia não só como algo de ocasião, porque tivemos uma pandemia. Pensar isso em termos de longo prazo, preparar uma massa crítica em termos de academia e burocracia governamental", disse Wellington Amorim.
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