Especialista: voos de vigilância dos EUA perto da fronteira chinesa levarão Pequim a 'dar o troco'

Especialistas discutem como, desde que a pandemia se instalou nos EUA, Washington acelerou o destacamento de suas Forças Armadas na região, que preveem diferentes objetivos para "conter" a China.
Sputnik

Os EUA estão exercendo pressão militar sobre a China, procurando extrair concessões na questão do mar do Sul da China. No entanto, Pequim tem seus próprios interesses na área, por isso, as ações de Washington são inúteis, dizem especialistas entrevistados pela Sputnik China.

Segundo revelado recentemente pela Iniciativa de Sondagem Estratégica do Mar do Sul da China (SCSPI), dirigida pelo Instituto de Pesquisa Oceânica da Universidade de Pequim, foram usados os mais recentes aviões de patrulha marítima e guerra antissubmarino da Marinha dos EUA, como P-8A Poseidon, aeronaves EP-3E de guerra eletrônica, bem como drones MQ-4C de longo alcance e alta altitude para monitorar o território da China e suas atividades no mar do Sul da China.

De acordo com a fonte, em julho houve 67 voos desse tipo, enquanto em maio eles foram 35 e em junho – 49.

Os aviões de reconhecimento norte-americanos inclusive fizeram decolagens à noite, com 13 operações noturnas em julho, se aproximando até 40-70 milhas náuticas da linha de base das águas territoriais chinesas.

"Isto permite que os EUA realizem reconhecimento por radar com profundidade suficiente, várias centenas de quilômetros no interior da China", explica Vladimir Yevseev, especialista do Instituto de Estudos Estratégicos da Rússia, à Sputnik.

"Este é um sobrevoo bastante próximo ao território chinês, no caso da Rússia isso geralmente envolve levantar aviões para interceptação. Os Estados Unidos estão, muito provavelmente, tentando obter uma imagem das ações das forças navais, tanto de superfície como de submarinos."

De acordo com Yevseev, as ações dos EUA se encaixam na tentativa de Trump de intimidar a China, da mesma forma que o faz com a Rússia.

Especialista: voos de vigilância dos EUA perto da fronteira chinesa levarão Pequim a 'dar o troco'

"Mas relativamente à China e à Rússia tal política é completamente inútil", afirma. "A pressão não ajudará os EUA a atingir seus objetivos. A China tem seus próprios interesses no mar do Sul da China. O aumento dos voos de inteligência dos EUA só aumentará as ações de resposta da China."

Recolha de inteligência

Segundo Chen Xiangmiao, especialista chinês do Instituto Nacional para os Estudos do Mar do Sul da China, Washington está estudando a região e as possíveis reações por parte de Pequim.

"Outro objetivo é usar meios militares de alta intensidade para pressionar a China a fazer concessões em assuntos relativos ao mar do Sul da China, criando obstáculos para a defesa normal de seus direitos", teoriza à Sputnik. "Além disso, os EUA estão enviando um sinal a seus aliados sobre a capacidade e intenção de manter seu domínio absoluto sobre o mar."

"Ao mesmo tempo, estão também tentando apoiar outros países envolvidos na disputa territorial sobre o mar do Sul da China, lhes dando oportunidade de agir para dissuadir a China. Por fim, o aumento da atividade militar americana nesta região está ligado à situação dentro deste país, onde a pressão sobre a China é usada para ganhar o apoio dos eleitores nas eleições [norte-americanas]", aponta.

Atividades dos EUA na região

Em 13 de julho, o secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo chamou de completamente ilegais as reivindicações da China sobre recursos offshore em grande parte do mar do Sul da China. A China rejeitou as acusações dos EUA, acusando Washington de continuar interferindo em disputas territoriais na área, fazer jogo de músculos, provocar tensões e fomentar o confronto.

Os voos de inteligência dos EUA fazem parte da grande estratégia do país contra a China, acredita Chen Xiangmiao.

Em julho, os Estados Unidos realizaram um importante exercício de defesa aérea no mar do Sul da China envolvendo dois grupos de porta-aviões liderados pelos USS Nimitz e USS Ronald Reagan. Ao mesmo tempo, os EUA estão espionando os exercícios navais da China. Em particular, no final de maio o destróier de mísseis USS Rafael Peralta foi visto na área de exercícios navais no mar Amarelo (entre a China e a península coreana) em que participaram dois porta-aviões chineses.

O exercício durou 11 semanas e terminou na sexta-feira (31). Este destróier foi o segundo da Marinha dos EUA a se aproximar da costa leste da China durante o exercício. Anteriormente, outro destróier, o USS McCampbell, foi avistado lá, a apenas 42 milhas náuticas da costa chinesa.

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